Bloomberg — As empresas petrolíferas russas estão enchendo rapidamente os tanques de armazenamento em seus campos, o mais recente sinal de que o país viu a demanda por seus barris diminuir desde a invasão da Ucrânia.
A capacidade ociosa nos reservatórios caiu quase 27% entre 1º de março e 1º de abril, segundo dados da CDU-TEK, ligada ao ministério de energia russo, vistos pela Bloomberg. No início deste mês, restavam apenas 20,2 milhões de barris de espaço, que podem ser preenchidos em 50 dias se a tendência observada de 25 de março a 1º de abril continuar, de acordo com cálculos da Bloomberg.
A Rússia, que responde por cerca de 10% da produção global de petróleo, enfrenta condenação internacional desde a invasão da Ucrânia. Enquanto alguns países - incluindo os EUA e o Reino Unido - já proibiram as importações de petróleo do país, a maioria não impôs sanções.
A União Europeia avalia cortes graduais no consumo de combustíveis fósseis russos a fim de limitar os fluxos financeiros para o regime do presidente Vladimir Putin.
No entanto, mesmo na ausência de restrições explícitas, alguns compradores tradicionais de petróleo russo estão procurando suprimentos em outros lugares, embora muitas compras tenham continuado, com grandes descontos no preço.
Diante disso, petrolíferas do país vêm reduzindo produção, refino e exportações nas últimas semanas. A Agência Internacional de Energia espera que a produção de petróleo do país caia em cerca de um quarto este mês.
Espaço extra
Ao contrário dos EUA e da Arábia Saudita - os únicos outros países com produção de magnitude semelhante - a Rússia nunca construiu grandes instalações de armazenamento de petróleo. Os reservatórios em seus campos são usados principalmente para garantir que a produção continue ininterrupta, mesmo que a capacidade de escoar o petróleo seja temporariamente interrompida por incidentes em oleodutos ou ferrovias.
Os produtores de petróleo do país têm acesso a outras maneiras de armazenar petróleo temporariamente, mas o espaço também é bastante limitado.
A Transneft, estatal que opera a rede de oleodutos da Rússia, consegue armazenar até 145 milhões de barris de petróleo bruto em instalações ao longo de seus dutos ou perto de portos, de acordo com dados da empresa. Mas não pode fazê-lo por muito tempo, porque o petróleo precisa continuar circulando por sua rede para evitar gargalos.
Se a frota de petroleiros da Rússia for usada para fazer o chamado armazenamento flutuante, poderia guardar cerca de 55 milhões de barris, de acordo com Matthew Wright, analista de frete da Kpler.
A quantidade de petróleo russo em navios ociosos cresceu desde as primeiras semanas de março, segundo dados da Kpler. Mas isso provavelmente se deve a atrasos de entrega resultantes da incerteza em torno das sanções econômicas à Rússia, e não necessariamente a uma tentativa deliberada de armazenar petróleo, disse Wright.
“Se mais sanções forem implementadas, provavelmente veremos mais aumentos” no volume de barris russos mantidos no mar, disse ele.
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