Ex-WeWork e bilionário veem Bitcoin como melhor forma de manter riqueza

Marcelo Claure e Ricardo Salinas Pliego admitem ser entusiastas das criptomoedas

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Bloomberg Línea — Alguns bilionários que movimentam seu dinheiro e alocam ativos em criptomoedas certamente terão grandes oportunidades para manter sua riqueza - pelo menos é assim que podemos resumir a mesa redonda com Marcelo Claure, ex-chairman do WeWork, o bilionário mexicano Ricardo Salinas Pliego e Orlando Bravo, entre outros, ocorrida durante o Bitcoin 2022 – conferência sobre a criptomoeda em Miami.

“Estamos começando a considerar o Bitcoin (BTC) uma das maneiras mais seguras de mantermos nossa riqueza”, disse o investidor Marcelo Claure à platéia. “Mas, mais importante, é provavelmente o único investimento que existe hoje no qual o potencial de ganhos é muito maior que o de perdas”.

Nesse sentido, o bilionário mexicano Salinas Pliego (dono da varejista Elektra, da TV Azteca e do banco Azteca, entre outras empresas), sugeriu evitar a clássica alocação de ativos 60-40 (60% em ações e 40% em títulos) e focar mais na liquidez.

Ambos os defensores do Bitcoin participaram de um painel chamado “Billionaire Capital Allocators”.

“Eu não tenho nenhum título. Tenho uma carteira líquida (…) – tenho 60% em Bitcoin e ações de Bitcoin e 40% em ações de ativos como petróleo e gás e mineração de ouro”, disse Salinas. De acordo com o Bloomberg Billionaires Index, Salinas Pliego ocupa o terceiro lugar entre os mais ricos do México, com de US$ 12,8 bilhões.

O empresário mexicano tem sido um campeão do Bitcoin, tanto no México quanto no exterior. No ano passado, sua rede de varejo Elektra começou a aceitar Bitcoin como pagamento.

Salinas anunciou sua decisão no Twitter:

Os rumores são reais, a @ElektraMx é a primeira varejista no México a permitir pagamento com #bitcoin. Desculpe por voltar a ter vantagem sobre a concorrência.

Além disso, na semana passada, Salinas defendeu o presidente de El Salvador, Nayib Bukele, do que ele chamou de interferência dos Estados Unidos na política de criptomoedas da América Central.

Todos que amam a liberdade deveriam apoiar sua corajosa postura @nayibbukele. É completasmente inaceitável que os EUA interfiram dessa forma em El Salvador.

Esperava-se que o próprio Bukele participasse da conferência Bitcoin 2022, mas ele cancelou devido ao que chamou de “imprevistos” em seu país, que nas últimas semanas foi assolado por uma onda de crimes e dezenas de assassinatos por gangues violentas, levando Bukele a declarar um toque de recolher em todo o país.

Revolução B

De acordo com Claure, que deixou o SoftBank no final de janeiro após disputa com o fundador da empresa, Masayoshi Son, a respeito da remuneração, o mundo dos investimentos está passando por uma nova era que ele chama de “Revolução do Bitcoin”. O termo veio depois de momentos em sua carreira que Claure chamou de “Revolução do Celular” e “Revolução da IA” que ele viu enquanto trabalhava na Sprint, a empresa de telecomunicações que ele vendeu para o SoftBank.

“Deixei meu emprego no Softbank para aprender mais e começar a colocar todo o meu conhecimento nessa nova revolução que estamos vendo, e gosto de chamá-la de Revolução Bitcoin”, disse Claure.

Promoção por imprimir dinheiro

Salinas deixou uma mensagem aos bancos centrais e aos tesouros dos países, que estão acostumados a imprimir dinheiro e, assim, contribuir para a hiperinflação.

A hiperinflação realmente prejudica dois tipos de pessoas”, disse Salinas, referindo-se às pessoas que contam com suas economias ao longo da vida para se aposentar e aos pobres, que não possuem nenhum ativo.

“Pessoas que dependem de suas economias são atingidas em cheio (…) e o outro tipo de pessoas que são muito prejudicadas pela hiperinflação são as pessoas pobres porque não têm bens (…); então isso não é legal, e deveríamos poder identificar o responsável, porque se saíssemos por aí imprimindo dinheiro, seríamos presos por falsificação, certo? Outros são promovidos ao Tesouro”.

--Este texto foi traduzido por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.

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