Banco Mundial diminui projeção de crescimento da América Latina

Região deverá lidar com a inflação por mais tempo que o planejado; covid e catástrofes climáticas também afetarão os países

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Bloomberg — O Banco Mundial reduziu sua projeção de crescimento para a América Latina devido ao impacto inflacionário da invasão da Ucrânia pela Rússia e aos riscos de novas variantes da covid-19.

A América Latina crescerá 2,3% este ano, abaixo da estimativa anterior de 2,7%, e crescerá 2,2% em 2023, tornando-se uma das regiões de menor crescimento do mundo após a pandemia, disse o banco nesta quinta-feira (7) em uma atualização de suas perspectivas econômicas.

Essas taxas de crescimento serão “insuficientes” para avançar na luta contra a pobreza na região, disse a repórteres William Maloney, economista-chefe para América Latina e Caribe do Banco Mundial. “Vamos lidar com a inflação por mais tempo do que pensávamos e isso terá impacto sobre o crescimento”.

O desempenho ruim das duas maiores economias da região este ano explica boa parte da revisão da estimativa do Banco Mundial. A entidade cortou sua previsão de crescimento para o Brasil pela metade, chegando a 0,7%, e cortou a previsão para o México para 2,1%, ante 3% em janeiro.

A Rússia é um dos principais fornecedores de fertilizantes para vários países da América Latina e um importante mercado de exportação para outros. De acordo com o relatório, a guerra afetará uma ampla gama de produtos e exacerbará os desafios para os bancos centrais equilibrarem crescimento e estabilidade de preços.

A força da recuperação econômica da América Latina varia muito entre os países e continua vulnerável. Embora os preços das commodities continuem favoráveis, o crescimento na China e nas economias avançadas é mais lento do que antes da pandemia, reduzindo a demanda pelas exportações da região.

Covid e mudança climática

A América Latina também enfrenta disparidades importantes entre seus países em termos de vacinação contra a covid-19: enquanto Chile e Uruguai imunizaram quase toda a sua população, países do Caribe e da América Central mal iniciaram sua campanha.

A mudança climática também apresenta desafios significativos, pois, nas duas últimas décadas, a América Latina perdeu 1,7% do produto interno bruto devido a desastres relacionados ao clima, segundo o Banco Mundial.

Uma análise do impacto dos eventos climáticos ao longo de duas décadas mostra que oito países do Caribe estão entre os 20 primeiros do mundo em prejuízos como percentual do PIB. O impacto combinado das mudanças climáticas deverá levar 5,8 milhões de pessoas à pobreza extrema até 2030, principalmente devido aos efeitos relacionados à saúde devido à falta de acesso a água potável e instalações sanitárias, calor excessivo e secas e inundações mais frequentes, de acordo com o relatório.

--Este texto foi traduzido por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.

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