Barcelona, Espanha — Sessão de ajuste aos sinais do Federal Reserve (Fed), aos quais se somam hoje os acenos do Banco Central Europeu (BCE). Houve um giro mais agressivo pelo banco central dos EUA no que diz respeito ao aperto monetário, e paira no ar a expectativa em torno das atas do BCE. Contudo, com a sinalização mais clara pela autoridade monetária norte-americana, os mercados estão conseguindo se firmar no campo positivo esta manhã.
No começo do dia, no entanto, tanto as bolsas europeias quanto os futuros de índices dos EUA pareciam hesitantes, flutuando de mais a menos. Instantes atrás, subiam os futuros do S&P e também do Nasdaq, este último recuperando-se da maior queda de duas sessões em quase um mês. Os contratos indexados ao Dow Jones não apresentavam uma direção clara. Na Europa, as bolsas avançam, com exceção do britânico FTSE 100, arrastado pelo setor de energia.
O petróleo subia mais de 1%, após o recuo motivado ontem pela notícia de que a Agência Internacional de Energia (AIE) ofertaria 60 milhões de barris adicionais, reforçando a liberação de 180 milhões de barris já anunciada pelo governo dos EUA.
O mercado de títulos públicos se recuperava de um rali que levou os prêmios dos bônus de 10 anos a superar os 2,6%, devolvendo-os à faixa de 2018. A queda no valor nominal dos títulos do Tesouro reflete as apostas de que o Fed realize o aperto monetário mais forte em quase três décadas.
🏦 Fome de informação
A ata do Fed mostrou que os funcionários estavam concentrados em conter a inflação e delineou planos para reduzir o balanço em mais de US$ 1 trilhão por ano. Apesar da mão dura do Fed na retirada de liquidez do mercado, a ata forneceu alguma clareza para os investidores, preocupados com o fato de que uma trajetória de aperto monetário muito intenso possa paralisar o crescimento da maior economia do mundo.
Depois de colecionar pistas da ata do Fed, os operadores terão pela frente sessões de ajustes ao novo cenário, com a torneira de benesses dos bancos centrais se fechando e o ambiente ainda desfavorável para a inflação, já que a guerra e a covid afetam a provisão de commodities e as cadeias de produção.
👁️ Atentos ao plano de ação
Além de digerir a ata de ontem do Fed, o mercado analisa, logo mais, a minuta do banco central europeu e ficará atento às declarações de figuras importantes de bancos centrais, entre eles James Bullard, do Fed, defensor contumaz de subidas mais pronunciadas dos juros para controlar a inflação.
→ Leia também o Breakfast, uma newsletter da Bloomberg Línea: Startup que une asfalto e favela
🟢 As bolsas ontem: Dow (-0,42%), S&P 500 (-0,97%), Nasdaq (-2,22%), Stoxx 600 (-1,53%), Ibovespa (-0,55%)
O Fed mais uma vez influenciou no clima dos mercados, que amargaram o segundo dia de perdas. Em sua ata de política monetária, o banco central norte-americano reafirmou que se inclina a um aumento dos juros e à redução de seu balanço patrimonial. Os preços do petróleo caíram pela segunda jornada consecutiva depois que a AIE anunciou uma liberação coordenada de suas reservas estratégicas para controlar o aumento do custo dos barris.
Na agenda
Esta é a agenda prevista para hoje:
• EUA: Pedidos Iniciais por Seguro Desemprego; Estoque de Gás Natural; Crédito ao Consumidor/Fev
• Europa: Zona do Euro (Vendas no Varejo/Fev); Alemanha (Produção Industrial/Fev; PCSI da Thomson Reuters/IPSOS/Abr); Reino Unido (Índice de Preços de Imóveis Halifax/Mar; Empréstimos Garantidos por Hipotecas; PCSI da Thomson Reuters/IPSOS/Abr)
• Ásia: Japão (Índice de Indicadores Antecedentes; Transações Correntes); Hong Kong (Reservas Internacionais/Mar)
• América Latina: Argentina (Produção Industrial/Fev)
• Bancos centrais: BCE publica atas de reunião de Política Monetária. Discursos de James Bullard, Charles Evans, Raphael Bostic e John Williams (Fed), além de Burkhard Balz (Bundesbank)
📌 E para amanhã:
• EUA: Estoques e Vendas no Atacado/Fev; Relatório WASDE (com previsões sobre o fornecimento de mercadorias); Contagem de Sondas dos EUA - Baker Hughes
• Europa: Espanha (Produção Industrial/Fev); Itália (Vendas no Varejo/Fev); Portugal (Balança Comercial/Fev)
• Ásia: Japão (Índice Economy Watchers/Mar; Índice da Confiança entre as Famílias/Mar)
• América Latina: Brasil (IPCA/Mar; Produção e Vendas de Veículos/Mar; Transações Correntes/Fev); Investimento Estrangeiro Direto/Fev)
• Bancos centrais: Pronunciamento de Fabio Panetta, do BCE
-- Com informações de Bloomberg News