Sobrou para a Indonésia decidir o que fazer caso Putin apareça na cúpula do G-20

Encontro entre líderes acontece em setembro, em Bali, e deve incluir conversas entre negociadores e reuniões ministeriais

Vladimir Putin, à esquerda, e outros líderes posam para a foto anual do G-20 em Brisbane, Austrália, em 2014
Por Bloomberg News
06 de Abril, 2022 | 08:46 AM

Bloomberg — A invasão russa na Ucrânia já está assombrando uma cúpula do Grupo dos 20 marcada para daqui a sete meses, com autoridades se preparando freneticamente para o caso de o presidente Vladimir Putin decidir aparecer.

A gama de cenários possíveis inclui alguns líderes se afastarem, enviando delegações de nível inferior ou apenas ligando de longe, segundo pessoas familiarizadas com as discussões entre os países membros. A reunião pode muito bem terminar pela primeira vez sem um comunicado formal.

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O encontro do G-20 deste ano, que inclui conversas entre os principais negociadores, uma série de reuniões ministeriais e a cúpula de líderes em novembro, está sendo sediado pela Indonésia, que se encontra em uma posição bastante desconfortável devido ao conflito na Ucrânia.

A Rússia foi expulsa do então Grupo dos Oito após a anexação da Crimeia em 2014, mas expulsá-la do G-20 é uma perspectiva muito mais complicada, com nações como a China provavelmente recusando uma medida que exigiria consenso para ser promulgada.

O G-20 enfrentou dificuldades antes, inclusive durante o mandato de Donald Trump como presidente dos EUA após ele atacar outros países por suas políticas comerciais e questionar as instituições multilaterais. Sobreviveu em parte graças à crença de que permanecer juntos pode ajudar a enfrentar desafios globais, como mudanças climáticas, pobreza, crises econômicas e, mais recentemente, a pandemia. Este deve ser o seu maior teste até agora.

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Vários funcionários disseram que expulsar a Rússia do grupo formado em 1999 para lidar com uma crise econômica mundial está fora de questão, embora o presidente americano, Joe Biden, tenha sugerido isso. Sobrou para a Indonésia pensar como administrar a cúpula na ilha tropical de Bali se Putin comparecer.

Autoridades dos EUA debateram em particular se Biden deveria não ir ao evento caso Putin participe, de acordo com uma pessoa familiarizada com as discussões. Mas Biden provavelmente ainda compareceria pessoalmente, disseram duas pessoas familiarizadas com o planejamento.

Autoridades, incluindo as dos EUA, têm trabalhado para persuadir a Indonésia a excluir Putin, ou pelo menos condenar suas ações na Ucrânia, disse uma das pessoas. Porta-vozes da Casa Branca não comentaram.

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O presidente russo participou da cúpula do G-20 na Austrália no final de 2014, mas foi amplamente evitado por outros líderes e saiu cedo após uma enxurrada de críticas sobre a Crimeia. Em um momento célebre, Putin se aproximou do então primeiro-ministro canadense Stephen Harper para um aperto de mão apenas para ouvir: “Aperto sua mão, mas só tenho uma coisa a lhe dizer: você precisa sair da Ucrânia”.

A Indonésia disse no final de março que pretende convidar Putin e todos os outros líderes, buscando “permanecer imparcial” como país anfitrião. Uma pessoa familiarizada com o assunto disse que o presidente russo recebeu seu convite, mas ainda não tomou uma decisão sobre sua participação. O Kremlin não respondeu a vários pedidos de comentários.

Questionado se a Indonésia estava se preparando para outros cenários, o vice-ministro das Relações Exteriores Mahendra Siregar respondeu por mensagem de texto que “não posso responder a perguntas hipotéticas”.

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