Bloomberg — Mesmo a mais robusta das montadoras está enfrentando as consequências de uma conjunção de fatores determinantes para um trimestre difícil.
A escassez na cadeia de suprimentos, guerra na Ucrânia e o naufrágio de um cargueiro que transportava milhões de dólares em produtos pelo Oceano Atlântico fez com que a Porsche Cars North America Inc. encerrasse o primeiro trimestre de 2022 com uma queda de 24,9% em suas vendas em comparação com o mesmo trimestre do ano anterior.
A gigante de carros de luxo disse que entregou 13.042 unidades durante os primeiros três meses deste ano, abaixo das 17.368 entregues durante durante o período no ano passado.
Os executivos da empresa culparam os problemas de fornecimento e os gargalos pelo impacto nas entregas a seus clientes. A guerra da Rússia com a Ucrânia, país que vende componentes para a Porsche, também prejudicou a capacidade da empresa de produzir carros, disse o presidente-executivo da empresa, Oliver Blume, a jornalistas em uma teleconferência em 17 de março.
“Temos diferentes fornecedores na Ucrânia; e temos atrasos na entrega”, disse ele. “Cabe a nós gerenciar os desafios. Com isso, toda a gama de modelos foi afetada. Isso está claro.”
Esses problemas se agravaram quando o navio Felicity Ace pegou fogo perto próximo a Portugal em março deste ano. A embarcação continha pelo menos US$ 400 milhões em veículos da Bentley, Lamborghini e Porsche, entre outros. Na época, os executivos da Porsche disseram que trabalhariam para substituir todos os veículos dos clientes que tiveram suas perdas com o naufrágio, mas que isso levaria tempo.
Um cliente disse que esperava até 8 meses para que seu Porsche Boxster Spyder especial fosse substituído. O acidente foi estimado em um total de US$ 155 milhões em perdas para as marcas afetadas.
Na conferência de 17 de março, o diretor financeiro da Porsche, Lutz Meschke, admitiu que todos os veículos produzidos pela empresa enfrentariam atrasos significativos devido aos múltiplos desafios que a marca vinha enfrentando. “Todas as linhas de modelos serão afetadas nos próximos meses”, disse ele.
Como o anunciado, de fato todas as entregas de modelos da Porsche caíram no primeiro trimestre deste ano - exceto o sedã Porsche Panamera, que viu as entregas saltarem de 451 em 2021 para 787 em 2022. O modelo Macan foi o mais vendido da empresa, embora suas entregas tenham caído de 6.391 para 4.772 em comparação com as de 2021.
As entregas dos modelos mais populares da Porsche caíram de 2.782 em 2021 para 2.123 em 2022. Enquanto isso, a escassez de carros novos levou os modelos usados a serem vendidos por dezenas de milhares de dólares acima dos valores de mercado, com alguns exemplares batendo recordes.
Os números do primeiro trimestre foram divulgados um dia depois que a Volkswagen, que tem o controle da Porsche, esnobou o banco alemão Deutsche Bank em favor dos bancos americanos Goldman Sachs (GS), Bank of America (BAC), JPMorgan (JPM) e Citigroup (C), para que desempenhassem os papeis principais na oferta pública inicial (IPO) da Porsche.
A listagem pode avaliar a empresa em até US$ 100 bilhões, tornando-a um dos maiores IPOs da Europa, de acordo com a Bloomberg.
– Esta notícia foi traduzida por Melina Flynn, content producer da Bloomberg Línea.
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