Por que a conectividade entre metaversos será o próximo passo da Web 3.0

Palestrantes do MMA Global apontam que NFTs serão a chave para integrar mundos criados por diferentes provedores

Especialistas apostam que NFTs serão ponte entre metaversos
06 de Abril, 2022 | 06:06 PM
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Bloomberg Línea — A Web 3.0 e o metaverso são conceitos que já entraram para o vocabulário de muitas áreas, seja pela insistência dos grandes entusiastas que vocalizam sobre isso como pela percepção de que esse é o provável caminho para o qual a tecnologia deve enveredar daqui para frente.

A tão referida Web 3.0 diz respeito ao novo passo da conectividade: o uso da internet por meio de redes descentralizadas, assim como a do Bitcoin e da Ethereum, sem que o controle se concentre nas poucas mãos de algumas empresas.

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Já os metaversos, que têm sido desenvolvidos por grandes grupos de tecnologia, como a Meta (FB), são ambientes virtuais, em que a experiência é amplificada por meio de realidade aumentada e inteligência artificial. Nesses espaços, os usuários vivem a experiência proporcionada por determinado desenvolvedor, como nos jogos Fortnite e no Sandbox.

Mas onde se encontram esses dois conceitos opostos - o que não tem um controle único e o outro que é criado aos moldes de uma companhia?

Para Claudio Lima, fundador e CEO da Druid Creative Gaming, e Renan Philip, cofundador da 3C Gaming, a resposta está nas NFTs, ou non-fungible tokens, (tokens não fungíveis em tradução livre).

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Segundo eles, durante painel do MMA Impact Brasil 2022, realizado nesta quarta-feira (6), em São Paulo, são esses artefatos online únicos que vão permitir, no futuro, que os metaversos construídos pelas empresas se conectem entre si, facilitando a migração do usuário de uma plataforma para a outra, e sem que ele perca os itens que formarão a sua identidade no mundo virtual.

“O grande desafio hoje com Web 3.0 é a descentralização. Várias das plataformas que se constroem descentralizadas ainda têm um comando vertical. Então, enquanto todo mundo tenta criar os seus próprios mundos, um deles vai vencer. Qual vai ser o próximo Facebook?”, disse Lima, já respondendo que as plataformas ganhadoras nessa corrida serão as que aprenderem a olhar no longo prazo sobre o que os usuários querem.

Já Robson Harada, gerente de growth marketing do Itaú (ITUB4), que moderou o evento, pontuou que essa é uma oportunidade para que as marcas se conectem, usando ferramentas além do que já dispõem na realidade.

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“Em vez de criar uma banca no metaverso, por que a marca não pode se vestir de alienígena e oferecer um token dentro de uma espaçonave? É preciso adequar para a linguagem do universo”, disse Harada.

Quem é o público dos NFTs

Os palestrantes também ponderaram que, apesar da popularidade dos tokens não-fungíveis, o caminho até a interconectividade entre as plataformas ainda é longo.

Renan Philip, da 3C Gaming, disse que a participação do eSports no mundo de tokenização, por exemplo, ainda é pequeno, apesar de muitos times estarem indo atrás de oportunidades de financiamento dentro desse universo. Ele exemplificou com os fans tokens, os artefatos virtuais comprados pelos amantes de determinado time, que ajudam a impulsionar a comunidade local com recompensas físicas, como ingressos ou outras experiências.

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A ideia agora, ponderou, é fidelizar o usuário para que ele se sinta parte da criação desses novos universos, participando ativamente do processo de construção do que funciona e o que pode ser intercambiável entre as plataformas.

“Quem chegou primeiro no Orkut, no Twitter e no Facebook ajudou a montar essas plataformas, e deveriam ser remunerados por isso. A ideia da Web 3.0 é que todos vão ajudar a construí-la, e podem ganhar recompensas em troca.”

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Ana Siedschlag

Editora na Bloomberg Línea. Jornalista brasileira formada pela Faculdade Cásper Líbero e especializada em finanças e investimentos. Passou pelas redações da Forbes Brasil, Bloomberg Brasil e Investing.com.