Irmãos Batista, da JBS, compram ativos da Vale por US$ 1,2 bilhão

J&F Investimentos, de propriedade da família Batista, surgiu como a compradora surpresa de algumas das operações da Vale no Brasil

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Bloomberg — A J&F Investimentos, de propriedade da família Batista, surgiu como a compradora surpresa de algumas das operações da Vale (VALE3) de acordo com um documento regulatório emitido na quarta-feira (6). Os ativos incluem minas de manganês e minério de ferro, bem como operações de logística, no valor total de US$ 1,2 bilhão, incluindo dívidas.

Tanto a J&F quanto a Vale se recusaram a comentar.

Os irmãos Joesley e Wesley Batista têm uma fortuna avaliada em US$ 7,7 bilhões, segundo o índice Bloomberg Billionaires. A maior parte vem da participação na JBS (JBSS3), responsável por um quarto do processamento de carne bovina dos Estados Unidos.

Os grandes dividendos da JBS permitiram que os Batistas diversificassem seus negócios nos últimos anos - entre as áreas estão tecnologia financeira, celulose e até cosméticos e televisão. O acordo desta semana, que ainda precisa de aprovação regulatória, marcaria seu primeiro grande investimento em mineração.

Com os ativos da Vale, os irmãos apostam em um setor que alimentou algumas das maiores fortunas da América Latina, tendo se beneficiado muito da disparada dos preços dos metais impulsionada pela recuperação econômica pós pandemia e, mais recentemente, pelas interrupções no fornecimento decorrentes da guerra na Ucrânia. Essas fortunas incluem a família Luksic, do Chile, que controla um grande produtor de cobre, e a família Ermírio de Moraes, dona de uma fabricante de alumínio.

Os Batistas também herdariam uma rede logística que poderia ser usada junto a seus outros negócios.

Ainda assim, sua investida na mineração os coloca em outro setor que está na vanguarda das preocupações ambientais e sociais, ou seja, dois colapsos desastrosos em barragens de rejeitos de propriedade da Vale.

Os irmãos, que apareceram em escândalos políticos no passado, já estão recebendo críticas de investidores e ativistas pelo papel que a grande indústria da carne bovina desempenhou no desmatamento.

Para a Vale, a venda é mais um passo de uma estratégia de desinvestimento de anos.

Em dezembro passado, a empresa saiu do negócio de carvão em Moçambique. Antes disso, vendeu uma mina problemática de níquel na Nova Caledônia e ativos de manganês, no sudeste do Brasil, faturou US$ 1,3 bilhão por suas ações na Mosaic, e concluiu a venda de uma participação de 50% na California Steel Industries para a Nucor, por US$ 400 milhões. A Vale também tem falado em vender uma participação de 40% na produtora de bauxita MRN.

– Com a colaboração de Tatiana Freitas.

– Esta notícia foi traduzida por Marcelle Castro, localization specialist da Bloomberg Línea.

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