Como a pandemia mudou modelos de trabalho e deu poder de barganha a funcionários

Maior flexibilidade do trabalho remoto passou a pesar na decisão de funcionários ao escolherem entre uma empresa e outra, destacou CEO da WeWork

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Bloomberg Línea — A pandemia de covid-19 mudou os modelos tradicionais de trabalho e passou a dar mais poder de barganha aos funcionários. A avaliação é de Claudia Woods, CEO da WeWork.

Durante painel do MMA Impact Brasil 2022 realizado nesta quarta-feira (6), em São Paulo, a executiva destacou a maior flexibilidade do trabalho remoto e o quanto isso passou a pesar na decisão de funcionários ao escolherem entre uma empresa e outra.

“A forma tradicional em que empresas impunham suas políticas e o formato de trabalho, com horário e local determinados, já não funciona mais. O poder agora é invertido e o funcionário tem tomado mais a decisão de ir embora quando as condições não o agradam”, disse Claudia.

Ela citou um estudo que a WeWork fez em parceria com a HSM com mais de 10 mil lideranças e executivos na Argentina, no Brasil, no Chile, na Colômbia, no México e no Peru. Os dados mostraram que 81% consideram o modelo híbrido o mais indicado para o mercado de trabalho pós-pandemia.

Entre os entrevistados, apenas 5% gostariam de trabalhar de forma presencial, segundo a pesquisa, a maioria deles com idade acima de 40 anos. Quando mais novos, o percentual caía para cerca de 2%. “As empresas estão entendendo agora que liberdade e flexibilidade são o diferencial competitivo.”

Além da busca por um esquema de trabalho que se encaixe na rotina dos funcionários, Claudia destacou a necessidade de o processo burocrático dentro das empresas ser revisto, buscando maior agilidade. “Mudar de emprego hoje é dar log out em um e-mail e log in em outro”, disse.

“Pessoas performam melhor em formatos diferentes e é natural querer uma vida mais equilibrada. Todos nós viramos millenials e geração Z e as empresas precisam estar abertas a isso.”

Uma pesquisa da consultoria de recrutamento PageGroup mostrou que quatro em cada dez profissionais brasileiros estão dispostos a mudar de emprego em 2022, em meio às mudanças no mercado de trabalho provocadas pela pandemia.

Segundo o levantamento, para reter os melhores talentos as empresas têm oferecido benefícios combinados com remuneração competitiva, oportunidades de aprendizado e desenvolvimento, além de contratos de trabalho flexíveis. O estudo foi realizado entre setembro e outubro de 2021 com 2.883 profissionais da América Latina, sendo 522 no Brasil. Do total de brasileiros, a maioria (75,2%) ocupa cargos de diretoria.

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