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AL pode ganhar em uma “nova ordem mundial”

Também no Breakfast: Discurso de Brainard incendeia mercados, que caem à espera de ata do Fed; Juros altos do Brasil alimentam o melhor carry trade do mundo e Bilionária que doou US$ 12,4 bi mira projeto no RJ

06 de Abril, 2022 | 06:36 AM
Tempo de leitura: 6 minutos

Bom dia! Este é o Breakfast - o seu primeiro gole de notícias. Uma seleção da Bloomberg Línea com os temas de destaque no mundo dos negócios e das finanças.

Já se passaram mais de 40 dias desde que a invasão da Rússia à Ucrânia deu início a novas e grandes mudanças para a economia global, incluindo inúmeras sanções contra a Rússia, a saída de várias empresas do país e as tentativas da Europa de acabar com a dependência dos combustíveis russos - o que, segundo o CEO da BlackRock (BLK), Larry Fink, deu início a uma “nova ordem mundial”.

Para o CEO da maior gestora global de recursos, quem puder focar em novos negócios deve se beneficiar desse novo paradigma. E a América Latina pode ser uma das regiões com maior chance de “sair ganhando” desta guerra, disse Fink durante o Fórum Virtual Latino-Americano 2022, organizado pela BlackRock.

Nesse sentido, o México, por sua proximidade com os Estados Unidos, será “enormemente beneficiado”. Por outro lado, o empresário descarta que haja uma “recessão muito longa em âmbito global ou na Europa”, afirmando estímulos fiscais prestes a entrar nos mercados servirão de blindagem. No entanto, para os mercados que estão em desenvolvimento, “ter acesso ao capital pode ser crítico”.

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Ao comentar sobre os impactos da guerra e como as empresas estão estruturando formas de minimizar a dependência das potências econômicas, Fink disse que “se o Brasil, México e Colômbia se concentrarem” e se abrirem para novos negócios haverá “mais empresas próximas do nearshoring ou onshoring” na região. Os termos são usados para explicar o mecanismo pelo qual uma empresa transfere seus negócios ou processos tecnológicos a países relativamente próximos em distância ou fuso horário, com o objetivo de reduzir custos.

O CEO da BlackRock disse não acreditar que o mundo atravesse uma longa recessão diante da guerra na Ucrânia

Na trilha dos Mercados

O evento mais esperado da semana. Hoje o Federal Reserve (Fed) divulga as atas da reunião de política monetária de 16 de março, quando confirmou o prognóstico do mercado de alta do juro e sinalizou que o aperto monetário não parava por aí.

A expectativa dos investidores é grande, sobretudo depois de um discurso incendiário de Lael Brainard, do Fed de Minneapolis, que aguarda a confirmação do Senado para ser nomeada vice-presidente da autoridade monetária. Brainard afirmou que o Fed elevará os juros de forma constante e que reduzirá o balanço patrimonial em ritmo acelerado a partir de maio.

Esta, aliás, foi a notícia de maior impacto, já que os investidores esperavam uma redução do balanço patrimonial do Fed para um pouco mais adiante. Uma das maneiras de o Fed reduzir o seu balanço, hoje em torno dos US$ 8,9 bilhões, é liquidar os títulos que vão vencendo, em vez de rolar a dívida emitindo novos bônus. Na prática, isso significa retirar liquidez dos mercados.

🏦 Argumentos fortes

A inflação em disparada, com o índice de preços ao consumidor situado no maior nível em 40 anos, e o mercado de trabalho em níveis próximos ao do pleno emprego, dão ao Fed argumentos para referendar uma política monetária mais agressiva.

🤝 Todos de acordo?

Além de pistas sobre as próximas ações do banco central, a ata de hoje dará uma ideia sobre a concordância entre os membros do Fed, pois de um lado está a inflação em disparada, mas de outro a guerra na Ucrânia e a covid-19 ameaçam o fornecimento de matérias-primas e o ritmo das cadeias de produção.

✳️ A campanha do Fed contra a inflação está pesando sobre os mercados hoje. Recuam os futuros de índices nos EUA e as bolsas europeias. Os títulos soberanos também perdem valor, com o prêmio do bônus de 10 anos acima dos 2,6% e situando-se nas faixas de 2018 e 2019.

O comportamento dos mercados à primeira hora do dia

🟢 As bolsas ontem: Dow (-0,80%), S&P 500 (-1,26%), Nasdaq (-2,26%), Stoxx 600 (+0,19%), Ibovespa (-1,97%)

O aceno mais agressivo do Fed no tocante ao aumento dos juros levou as bolsas norte-americanas a fecharem no vermelho. A guerra na Ucrânia também afetou as operações: uma nova rodada de sanções, além de um possível embargo ao carvão russo, incluiria a proibição de todos os novos investimentos na Rússia e outras medidas contra instituições financeiras e empresas estatais.

Saiba mais sobre o vaivém dos Mercados

No radar

Esta é a agenda prevista para hoje:

• EUA: Pedidos de Hipotecas MBA; Índice de Compras MBA; Índice do Mercado Hipotecário; Atividade das refinarias de Petróleo pela EIA; Estoques de Petróleo Bruto; Relatório Semanal EIA de Estoques de Destilados; Produção e Estoques de Gasolina

• Europa: Zona do Euro (IPP/Fev); Alemanha (Encomendas à Indústria/Fev); Espanha (Confiança do Consumidor)

• Ásia: Japão (Reservas Internacionais/Mar)

• América Latina: Brasil (IGP-DI/Mar; Fluxo Cambial Estrangeiro); México (Investimento Fixo Bruto/Jan)

• Bancos centrais: Atas da Reunião do FOMC; Discurso de Luis de Guindos, Fabio Panetta, Philip Lane (BCE), Asahi Noguchi (BoJ)

📌 E para amanhã:

• EUA: Pedidos Iniciais por Seguro Desemprego; Estoque de Gás Natural; Crédito ao Consumidor/Fev

• Europa: Zona do Euro (Vendas no Varejo/Fev); Alemanha (Produção Industrial/Fev; PCSI da Thomson Reuters/IPSOS/Abr); Reino Unido (Índice de Preços de Imóveis Halifax/Mar; Empréstimos Garantidos por Hipotecas; PCSI da Thomson Reuters/IPSOS/Abr)

• Ásia: Japão (Índice de Indicadores Antecedentes; Transações Correntes); Hong Kong (Reservas Internacionais/Mar)

• América Latina: Argentina (Produção Industrial/Fev)

• Bancos centrais: BCE publica atas de reunião de Política Monetária. Discursos de James Bullard, Charles Evans, Raphael Bostic e John Williams (Fed), além de Burkhard Balz (Bundesbank)

Destaques da Bloomberg Línea

• Petrobras: Indicação de secretário de Guedes sofre oposição de empresários

• As melhores ações pagadoras de dividendos para abril, segundo 11 corretoras

• Guerra e eleições são incerteza para mercado, diz CEO da Votorantim

• Musk e Twitter: é hora de comprar ações? Analistas discordam

• Juros altos do Brasil alimentam o melhor carry trade do mundo

Também é importante

Gleisi Hoffmann, deputada e presidente do PT

Gleisi em jantar com a Faria Lima. A presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), Gleisi Hoffmann, causou mal-estar na noite de segunda-feira (4) em um jantar com executivos da Faria Lima e empresários ao defender a redução das margens de lucro da Petrobras (PETR4) e a volta da política de juro subsidiado do BNDES, disseram à Bloomberg Línea três participantes do evento que preferiram não se identificar.

China enfrenta surto de covid-19. Xangai registrou mais de 13 mil casos diários de covid-19 pela primeira vez desde o início da pandemia, enquanto um amplo lockdown dos 25 milhões de habitantes e testes em massa revelaram uma extensa disseminação da variante ômicron altamente infecciosa.

Novas tarifas para despachar bagagem. As três maiores companhias aéreas do Brasil - Azul, Gol e Latam - reajustaram os valores do transporte de bagagem para os voos domésticos e internacionais, citando como justificativa um aumento de custos com a alta do preço do querosene de aviação (QAV), principal insumo do setor.

Peruanos protestam contra inflação em alta. O presidente do Peru, Pedro Castillo, decretou toque de recolher na capital Lima nesta terça para conter os protestos violentos contra a inflação que se intensificaram nos últimos dias, levando a confrontos com a polícia, escassez temporária de alimentos e interrupções na cadeia de suprimentos.

Opinião Bloomberg

Elon Musk no Twitter pode ser uma má notícia para a liberdade de expressão

Talvez devêssemos considerar o investimento de Musk no Twitter como mais do mesmo do cara que ponderou sobre o sentido da vida enquanto bebia uísque e fumava maconha ao falar em um podcast, e uma vez alegou misteriosamente que tinha “financiamento garantido” para fechar o capital da Tesla. Mas suspeito que haja algo mais sério informando a decisão de Musk de investir no Twitter, mesmo que ele se divirta chamando atenção: talvez ele queira colocar a plataforma sob seu domínio.

Pra não ficar de fora

MacKenzie Scott Bilionária acumula US$ 12,4 bilhões doados desde 2019

MacKenzie Scott transformou a filantropia americana nos últimos três anos, doando quantias recordes de dinheiro para causas negligenciadas. Agora, ela está intensificando suas doações fora dos Estados Unidos, onde seus bilhões podem ter um impacto ainda maior.

A última rodada de doações de Scott — US$ 3,9 bilhões — incluiu cerca de 60 organizações sem fins lucrativos sediadas fora dos EUA, de um total de 465 que receberam doações desde junho passado, segundo dados compilados pela Bloomberg.

🌏 São causas espalhadas por cinco continentes, desde a pequena nação insular da Micronésia, no Oceano Pacífico, até as favelas do Rio de Janeiro. Também houve um aumento nas doações feitas a organizações sediadas nos EUA mas que distribuem fundos globalmente, inclusive para organizações de auxílio na Ucrânia.

🟢 Ao todo, Scott, de 51 anos, doou cerca de US$ 12,4 bilhões em 1.257 doações desde 2019, quando assinou o Giving Pledge, uma promessa de doar a maior parte de sua vasta fortuna para ajudar a resolver problemas sociais.

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Edição: Michelly Teixeira | News Editor, Europe

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