Trigo segue em forte alta, agora por preocupações com mau tempo

Problemas na exportação e guerra na Ucrânia também aumentam a pressão sobre os preços

No entanto, sindicatos afirmam enfrentar problemas para exportar seus produtos
Por Megan Durisin - James Poole
05 de Abril, 2022 | 11:03 AM

Bloomberg — Os futuros do trigo caminham para o maior rali de dois dias em um mês, pois as preocupações com o mau tempo e os desafios de exportação arriscam o aperto contínuo da oferta global.

Apenas 30% da safra de trigo de inverno dos Estados Unidos está em boas ou excelentes condições, disse o Departamento de Agricultura do país na segunda-feira (4) em sua primeira classificação nacional do ano. Essa é a pior pontuação para este momento da temporada aferida em dados de três décadas. Algumas partes da Europa também estão enfrentando geadas ou neve na primavera, segundo a consultoria Agritel, com sede em Paris.

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As preocupações com o mau tempo surgem em um momento em que a oferta global de grãos já está limitada pela guerra entre Rússia e Ucrânia. Algumas safras ucranianas estão sendo exportadas por via férrea e rodoviária, mas os fluxos são muito menores do que as rotas tradicionais de exportação por via marítima, disse a UkrAgroConsult em nota.

Uma recuperação completa das exportações só ocorrerá depois que os portos do Mar Negro forem desbloqueados”, disse a analista de Kiev. “O potencial de exportação de grãos nas condições atuais está limitado a 1 milhão de toneladas por mês” – número cinco vezes menor que o normal.

Guerra na Ucrânia muda rotas de grãos

Os futuros de trigo nesta terça-feira (5) subiram 2,9%, chegando a US$ 10,39 por bushel. Isso representa uma alta de quase 6% até agora esta semana. O milho subiu 0,9% após um ganho de 2,1% na segunda-feira (4), impulsionado pelo comunicado do governo dos EUA sobre a exportação para a China de mais de 1 milhão de toneladas.

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Além disso, os EUA afirmaram que podem impor novas sanções à Rússia esta semana, e os países europeus estão discutindo a possibilidade de estender as sanções aos setores de petróleo e carvão de Rusisa, pois as baixas civis na Ucrânia aumentaram a pressão sobre os governos para que estes se esforcem mais.

Os produtos agrícolas não foram alvo de sanções. A Rússia é um dos maiores fornecedores de trigo do mundo e ainda enviou uma quantidade significativa para o exterior em março. Ainda assim, seu sindicato de exportação de grãos citou restrições com logística, seguros e pagamento pelos insumos do país.

Nesta terça-feira, a associação de grãos da Ucrânia afirmou estar pedindo ao governo que elimine as restrições de licenciamento às exportações de trigo para restaurar as remessas. Todos prestarão atenção ao ritmo do plantio de milho e girassol nas próximas semanas. O Ministério da Agricultura espera que cerca de 3,5 milhões de hectares estejam inaptos ao plantio devido à guerra.

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--Com a colaboração de Jeremy Diamond e Kim Chipman.

--Este texto foi traduzido por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.

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