Peru ordena toque de recolher para evitar protestos por inflação

Revolta de motoristas e donas de casa começou na semana passada mas se intensificou na noite de segunda-feira (4)

Por

Bloomberg — O líder do Peru decretou toque de recolher na capital Lima nesta terça-feira (5) para conter os protestos violentos contra a inflação que se intensificaram nos últimos dias, levando a confrontos com a polícia, escassez temporária de alimentos e interrupções na cadeia de suprimentos.

O presidente Pedro Castillo anunciou o toque de recolher em um discurso à nação enquanto declarava estado de emergência em Lima e na cidade portuária de Callao. O toque de recolher será das 0h às 21h59 de Brasília.

Legisladores e autoridades poderão trabalhar normalmente, e negócios essenciais, como farmácias e supermercados, poderão funcionar na cidade, disse o ministro da Justiça Felix Chero em entrevista à Rádio Exitosa.

Castillo, que acabou de sobreviver a uma segunda tentativa de impeachment do Congresso na semana passada, reduziu os impostos sobre combustíveis e aumentou o salário mínimo em 10% no fim de semana para ajudar os peruanos que lutam contra a inflação mais rápida em 24 anos. No entanto, as medidas pouco fizeram para apaziguar os motoristas de ônibus, cuja maioria trabalha em empregos informais sem salários fixos.

O governo acionou o exército na segunda-feira (4) depois que motoristas de ônibus bloquearam rodovias como parte de uma greve, estendendo uma crise que começou na semana passada, quando caminhoneiros e agricultores em protesto interromperam o fornecimento de alimentos para a capital. As exportações agrícolas do país, incluindo mirtilos, abacates e uvas, estão agora sofrendo interrupções, de acordo com uma associação de exportadores.

Donas de casa irritadas com o aumento dos custos dos alimentos também se juntaram aos protestos na segunda-feira, e a mídia local mostrou mercados sendo saqueados na região sul de Ica. As aulas foram suspensas em meio ao caos.

Os preços ao consumidor em Lima subiram 6,82% em março em relação ao ano anterior, o maior marco desde agosto de 1998, informou a agência nacional de estatísticas na semana passada. Os preços subiram 1,48% em relação a fevereiro, acima da previsão mediana de alta de 0,92% de uma pesquisa da Bloomberg com economistas.

-- Este texto foi traduzido por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.

Veja mais em Bloomberg.com