Musk e Twitter: é hora de comprar ações? Analistas discordam

Fãs do bilionário acreditam que ter um usuário influente com uma fatia tão generosa pode ser vantajoso

Analistas recomendam cautela na compra de ações da plataforma de mídia social
Por Jeran Wittenstein - Ryan Vlastelica
05 de Abril, 2022 | 03:39 PM
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Bloomberg — Elon Musk e sua multidão de investidores pessoa física estão batendo de frente com analistas de Wall Street na uma corrida pelo Twitter (TWTR).

Os investidores de varejo ajudaram a alimentar o volume recorde de negociações da plataforma na segunda-feira (4), com mais de 260 milhões de ações trocando de titularidade após Musk divulgar a aquisição de uma participação de 9,2% na empresa de mídia social.

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O Twitter foi classificado como a ação mais comprada pelos clientes da Fidelity Investments, com a maior alta desde o dia em que a empresa abriu o capital em 2013.

Hoje, a plataforma também anunciou que Musk se juntará ao conselho de administração da companhia, de acordo com um comunicado arquivado na Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (Securities and Exchange Commission, em inglês, ou SEC).

Acción de Twitter

Os analistas estão céticos: eles reduziram a meta de preço agregado em mais de um terço desde outubro, e apenas 10 das 42 corretoras monitoradas pela Bloomberg que cobrem a ação recomendam sua compra. As ações caíram desde seu recorde de 2021, e os investidores ficaram relutantes com uma combinação de alto valuation e crescimento de usuários possivelmente decepcionante.

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Os compradores estão apostando que o CEO da Tesla (TSLA) pode impulsionar o Twitter devido à sua influência como maior acionista e usuário influente na plataforma, na qual tem 80,4 milhões de seguidores. Por enquanto, é um tiro no escuro.

Como será Musk no Twitter

“Precisamos saber o quanto ele será ativo”, disse Alec Young, estrategista de macroinvestimentos da empresa de pesquisa quantitativa Mapsignals. “Ele tem uma visão para a empresa? Não sabemos ainda, e sua atividade na empresa fará uma enorme diferença para as ações. Elas ficaram meio que à deriva, e os analistas estão indiferentes a isso”.

Antes da divulgação da aquisição de Musk na segunda-feira, o Twitter vinha caindo à medida que os lockdowns contra a covid-19 diminuíam e os investidores se preparavam para o fim das políticas de incentivo do Federal Reserve.

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O aumento de 27% de segunda-feira é “uma possível reação exagerada”, já que não está claro por que Musk fez o investimento, por que as ações estão caras, e, além disso, os investidores ainda precisam ver um progresso substancial em relação à receita e às metas de usuários do Twitter, disse Brent Thill, analista da Jefferies, em nota. O Twitter subia 1,7%, chegando a US$ 50,84, no pré-mercado na terça-feira (5).

Antes de segunda-feira, as ações do Twitter estavam em 50 vezes o lucro projetado para os próximos 12 meses, valor mais alto que cerca de 97% das ações do índice S&P 500 (SPX), incluindo Amazon.com (AMZN) e Nvidia (NVDA), segundo dados compilados pela Bloomberg.

Investidores ativistas geralmente intervêm quando consideram uma empresa subvalorizada e buscam mudanças que elevem o preço das ações, brandindo a ameaça final de uma luta pelo controle do conselho. Musk divulgou sua participação usando um formulário para investidores que não planejam pleitear uma mudança de controle e, de qualquer forma, as ações não estão baratas, então ele não parece estar seguindo o manual do ativista.

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Mas nada o impede de compartilhar suas opiniões sobre como o Twitter pode ser melhorado, e ele já está fazendo isso. Ele perguntou aos usuários se desejam um botão que permita a edição de tweets, e o CEO do Twitter, Parag Agrawal, respondeu, dizendo que é algo importante e pedindo aos usuários que “votem com cuidado”.

Respondendo à publicação de um usuário, Musk também comentou que os bots de spam de criptoativos são o “problema mais irritante” no Twitter.

“Musk certamente está focando muito nas ações e fazendo as pessoas comentarem, e agora elas estão animadas”, disse Jon Maier, diretor de investimentos da Global X, que patrocina o Global X Social Media ETF.

As ações do Twitter há muito têm um desempenho inferior, recuperando-se 8,1% ao ano desde sua oferta pública inicial, ante 20% da Meta Platforms (FB), proprietária do Facebook. Para Daniel Ives, analista da Wedbush Securities, é apenas questão de tempo até que Musk comece a querer mudanças.

“Musk não vai apenas pegar uma participação passiva de 9% e ficar quieto”, disse. “Os investidores consideram isso o primeiro passo no que pode ser uma nova história estratégica para o Twitter”.

--Com a colaboração de Subrat Patnaik, Matt Turner e Jessica Menton.

--Este texto foi traduzido por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.

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