Ibovespa recua e dólar volta a subir com temor de Fed agressivo com juros

After Hours: Investidores reagiram aos comentários da governadora do Fed, Lael Brainard, sobre redução do balanço patrimonial em ritmo acelerado

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Bloomberg Línea — O Ibovespa (IBOV) recuou e o dólar (USDBRL) voltou a subir nesta terça (5) após três dias seguidos de baixa, retomando o patamar de R$ 4,66 em linha com a valorização internacional da moeda americana após a governadora do Federal Reserve, Lael Brainard, dizer que o banco central americano elevará os juros de forma metódica e reduzirá o balanço patrimonial em ritmo acelerado já a partir de maio.

As afirmações de Brainard se somaram a uma possível proibição do carvão russo pela União Europeia e tiveram forte impacto nos rendimentos dos Treasuries de diferentes vencimentos. As taxas dos títulos do Tesouro dos EUA de dez anos (GT10) dispararam 16 pontos base e atingiram 2,56%, o maior patamar em três anos, com a visão de um Fed mais agressivo na política monetária nos próximos meses.

O movimento teve repercussão nas taxas dos títulos públicos em todos o mundo.

  • No Brasil, a taxa do contrato de DI para janeiro de 2023, que reflete a política monetária neste ano, saltou 9,5 pontos e atingiu 12,715%. Já a taxa para janeiro de 2025 subiu 24 pontos e bate em 11,335%.
  • Nos EUA, o índice S&P 500 (SPX) aprofundou o ritmo de perdas e terminou o dia com baixa de 1,3% liderado pela queda das ações de tecnologia e de produtos discricionários de consumo.
  • O Nasdaq 100 (NDX), referência em tecnologia, desabou 2,2% mesmo com a alta de 2% das ações do Twitter (TWTR) após a informação de Elon Musk vai integrar o conselho da empresa. Na véspera, os papéis tinha subido 27%.

O Ibovespa perdeu o patamar de 120 mil pontos e terminou o pregão marcando 118.885 pontos, com baixa de 1,97%, puxado pelas perdas de quase 3% da Vale (VALE3), mesmo com os ganhos do minério de ferro. Também pressionaram o índice as baixas nas ações de Petrobras (PETR3; PETR4) e Itaú Unibanco (ITUB4).

No exterior, o sentimento continua sendo de maior aversão ao risco, após a União Europeia afirmar que está considerando a proibição do carvão russo – o que aumenta a pressão sobre Moscou pela invasão da Ucrânia. A Rússia fornece cerca de metade do carvão térmico do continente, utilizado para alimentar centrais elétricas e gerar eletricidade.

Para esta quarta, os investidores esperam a divulgação da ata da última reunião do Federal Reserve. A expectativa é que o documento sinalizará a rapidez com que o banco central dos EUA aumentará as taxas e reduzirá suas participações em títulos. O ressurgimento da covid-19 na Europa e na Ásia e os novos lockdowns na China também estão obscurecendo as perspectivas de crescimento global.

Confira o fechamento dos mercados nesta terça-feira (5):

-- Com informações de Bloomberg News

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