Bloomberg Línea — O presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, recusou sua indicação para presidir o conselho de administração da Petrobras (PETR4), informou um nota postada no site do time carioca, neste domingo (3). Ele tinha sido indicado para a função no mês passado. A estatal marcou assembleia geral ordinária para o próximo dia 13 de abril, quando deve confirmar o nome de Adriano Pires como novo CEO.
“Apesar do tamanho e da importância da Petrobras para o nosso país, e da enorme honra para mim em exercer este cargo, gostaria de informá-lo que resolvi abrir mão desta indicação, concentrando todo meu tempo e dedicação para o ainda maior fortalecimento do nosso Flamengo”, disse Landim, no comunicado.
Ele acrescentou que encaminhou ao ministro Bento Albuquerque (Minas e Energia) um documento comunicando sua decisão, justiticando que não conseguiria exercer ambas as funções com a “excelência desejada”.
Desde que seu nome foi divulgado como o próximo presidente do conselho de administração da petroleira, Landim dizia que sua intenção era exercer os dois cargos. “Como sempre falei, ao ter sido reeleito pelos sócios para um mandato de mais três anos, exercer bem o cargo de presidente do Flamengo é minha total prioridade”, citou o presidente do time de futebol de maior torcida do Brasil, na nota.
Antes de se dedicar ao futebol, Landim, um engenheiro carioca de 64 anos, testemuhou de perto capítulos marcantes da indústria de petróleo e gás no Brasil, como a construção do império do empresário Eike Batista a partir de 2008, durante o segundo governo do ex-presidente Lula (2007-2010).
A Petrobras ainda não se manifestou oficialmente sobre a desistência de Landim ao cargo de chairman. No último dia 28 de março, o Ministério de Minas e Energia anunciou que a Petrobras tinha um substituto para o cargo de CEO da estatal, confirmando a saída de Joaquim Silva e Luna. Sócio-fundador e diretor do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE), Adriano Pires foi indicado para assumir o comando da estatal.
Contexto: disparada da gasolina
O general Silva e Luna estava no cargo desde abril do ano passado, substituído Roberto Castello Branco, demitido após críticas públicas do presidente Jair Bolsonaro (PL) à disparada dos preços dos combustíveis, novamente o contexto econômico para uma troca de CEO na estatal.
No dia 10 de março, a Petrobras anunciou um reajuste nos preços dos combustíveis, elevando a gasolina, diesel e o gás GLP em 18,7%, 24,9% e 16%, respectivamente. Analistas esperam que a inflação oficial de março, medida pelo IPCA, fique acima de 1% devido ao impacto desse reajuste. O indicador de março será divulgado na próxima sexta-feira (8).
O anúncio da indicação de Landim à presidência do conselho da Petrobras foi seguido por críticas da FUP (Federação Única dos Petroleiros) à sua carreira profissional no setor.
“O fato de ter saído direto da Petrobras para uma empresa de Eike Batista, com todas as informações que deteve em sua vida laboral na estatal, principalmente na exploração e produção e exploração de petróleo, já gera desconfiança e dúvidas sobre a atuação de Landim no conselho de administração da Petrobras”, disse o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar, em nota.
Ele citou ainda que, na operação Greenfield, iniciada em 2020, Landim, junto com ex-sócios na empresa Maré Investimentos, virou alvo de investigações em operações financeiras que teriam causado prejuízos milionários a fundos de pensão de funcionários de estatais, inclusive a Petros.
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