Perdas globais por catástrofes atingiram US$ 270 bilhões em 2021

Risco de inundação é complexo de monitorar e, em geral, a maioria das propriedades não tem cobertura para danos causados por inundações

Prejuízos causados por catástrofes
Por Leslie Kaufman
02 de Abril, 2022 | 08:28 AM

Bloomberg — O furacão Ida e a estranha tempestade de inverno que congelou o Texas em fevereiro passado lideraram a lista das tempestades mais prejudiciais do ano passado, de acordo com o relatório anual sobre perdas do setor de seguros causadas por catástrofes naturais divulgado pela gigante de resseguros Swiss Re.

O relatório descobriu que as perdas econômicas globais decorrentes de catástrofes naturais, como enchentes, furacões e incêndios florestais, atingiram US$ 270 bilhões em 2021. Dessas perdas, menos da metade, ou US$ 111 bilhões, foram seguradas. Ainda assim, esses US$ 111 bilhões equivaleram ao quarto maior pagamento desde que o Swiss Re Institute, o braço de pesquisa da seguradora, começou a manter registros, em 1970.

As perdas seguradas estão em uma tendência de crescimento de longo prazo de 5% a 7% há algum tempo, segundo a Swiss Re, e os eventos extremos causados pelas mudanças climáticas carregam grande parte da culpa.

Em particular, observou o relatório, a mudança climática está inflamando o que chama de “perigos secundários”. Historicamente, as seguradoras se preocupavam com furacões e terremotos como os únicos desastres naturais que poderiam causar danos monstruosos. Todo o resto, incluindo chuvas fortes não associadas a furacões e incêndios florestais, foi colocado em uma categoria secundária. Mas, por conta das mudanças climáticas, esses eventos se tornaram fatais e mais destrutivos.

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“Em 2021, dois eventos de perigos secundários – a tempestade de inverno Uri, nos Estados Unidos e as inundações devastadoras no centro-oeste da Europa em julho – causaram perdas superiores a US$ 10 bilhões”, afirmou o relatório.

Mesmo o Ida, que começou como um furacão de categoria 4 na Louisiana, causou muitos danos materiais muito depois de ter deixado a Costa do Golfo e áreas normalmente associadas a furacões.

“Enquanto os diques na Louisiana foram um ponto positivo contra os estragos causados pelo Ida, a experiência no nordeste [dos EUA] mostrou que as inundações podem ocorrer em áreas menos óbvias e fora das zonas de enchente mais comuns”, disse Mohit Pande, chefe de propriedade e subscrição da North América para a Swiss Re.

As inundações continuam sendo o perigo número um. As perdas causadas por enchentes vêm crescendo a um ritmo significativamente mais rápido do que o PIB global, disse o relatório.

O risco de inundação é complexo de monitorar e, em geral, a maioria das propriedades não tem cobertura para danos causados por inundações. Nos EUA, apenas um em cada seis proprietários compra seguro contra enchentes e 95% do seguro residencial nos EUA é adquirido pelo governo federal a taxas subsidiadas.

Erdem Karaca, chefe da Cat Perils America, da Swiss Re, disse que a lacuna entre a cobertura de enchentes e a real necessidade trouxe uma grande oportunidade para o setor. “Nossa modelagem de enchentes está madura, mas não tão madura quanto a modelagem de terremotos ou furacões”, disse ele. Mas, acrescentou, os modelos estão sendo constantemente aprimorados pelo trabalho conjunto entre a academia e o setor de seguros. A compreensão precisa dos riscos crescentes é a chave para reacender o seguro privado contra inundações nos EUA. “O mercado de seguro privado contra inundações pode se desenvolver com esses recursos”, disse Karaca.

– Esta notícia foi traduzida por Marcelle Castro, Localization Specialist da Bloomberg Línea.

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