São Paulo — A Iguá Saneamento (IGSN3), que atua no abastecimento de água e esgotamento sanitário em municípios de seis estados (Alagoas, Mato Grosso, Rio de Janeiro, Santa Catarina, São Paulo e Paraná), é a nova vítima de ataque cibernético no setor corporativo brasileiro.
A companhia informou que um ataque cibernético “impactou temporariamente a disponibilidade de parte dos seus sistemas corporativos”. O caso, ocorrido na madrugada do último dia 25 de março, foi revelado em um comunicado enviado à CVM (Comissão de Valores Mobiliários), na noite de ontem (31).
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Segundo a companhia controlada pela IG4 Capital, “não houve qualquer impacto adverso na operação nem perdas financeiras”. A empresa diz que seus bancos de dados estão preservados e até o momento não há indícios de extração ou vazamento de dados das empresas do grupo ou de dados pessoais.
- A Iguá (nome quer dizer água em tupi-guarani) atua em 39 municípios com 18 operações que atendem a cerca de 7,1 milhões de pessoas.
Mais empresas atacadas por hackers
Neste ano, a primeira companhia listada na B3 a informar um incidente hacker foi a Localiza (RENT3), locadora de carros do país, no último dia 11 de janeiro. No ano passado, diversas empresas sofreram ataques cibernéticos, como o grupo de medicina diagnóstica Fleury (FLRY3), a operadora de pacotes de viagens CVC Brasil (CVCB3) e a seguradora Porto Seguro (PSSA3).
Em janeiro, a plataforma BugHunt divulgou uma pesquisa apontando que 26% das empresas brasileiras sofreram ataques cibernéticos no período de 12 meses. Phishing (28%), vírus (24%), ransonware (21%) e vishing (10%) foram as ocorrências mais reportadas. O estudo ouviu 58 empresas brasileiras, sendo a maioria do setor de tecnologia.
No dia 3 de março, o Itaú Unibanco (ITUB4), maior banco privado do país, registrou problemas na exibição de informações nos extratos das contas de um número não informado de clientes, mas descartou a possibilidade de um ataque hacker. No dia seguinte, o banco digital Nubank (NU) também registrou instabilidade no aplicativo, com usuários relatando dificuldades de acesso à área de pagamentos via Pix e à área para ver o saldo de suas contas.
A guerra entre Rússia e Ucrânia é citada como um estímulo aos ciberataques no mundo, segundo a BugHunt. “O governo ucraniano já relatou que vem sofrendo diversos ataques em sua infraestrutura tecnológica de origem russa, mas segundo a agência Fitch, o conflito também elevou os riscos de ciberataques globais direcionados a alvos que não estão necessariamente na linha de frente do embate. Ou seja, empresas do mundo inteiro, inclusive do Brasil, precisam se atentar às formas de prevenção a crimes cibernéticos em todos seus processos”, analisou a plataforma.
As organizações do setor financeiro estão entre os principais alvos de ciberataques por aqui, segundo a Apura, uma empresa nacional de segurança na internet. No último ano, o setor respondeu por 4,3% do total de ataques.
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“O setor financeiro está na lista dos dez principais alvos. Embora com participação menor que aqueles no topo da lista – como órgãos do governo e indústrias –, é índice significativo. Afinal, o setor financeiro lida com dados e informações de muita importância e impacto, nas atividades econômicas e na sociedade de um modo geral”, assinala o CEO da Apura, Sandro Süffert.
Indicativo dessa relevância está no crescimento de ocorrências cujo alvo foram dados bancários: 141%, em 2021, em comparação com o ano anterior. “Os prejuízos decorrentes desses ataques acometem tanto o consumidor final como as instituições”, diz o especialista.
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