São Paulo — Os brasileiros começam o mês de abril pagando mais caro pelos medicamentos. Entra em vigor nesta sexta-feira o reajuste anual de 10,89%, confirmou o Sindusfarma, sindicato que representa a indústria farmacêutica no país. O aumento dos preços pode atingir cerca de 13 mil apresentações de medicamentos disponíveis no mercado varejista brasileiro.
“Mas o reajuste não é automático nem imediato, pois a grande concorrência entre as empresas do setor regula os preços: medicamentos com o mesmo princípio ativo e para a mesma classe terapêutica (doença) são oferecidos no país por vários fabricantes e em milhares de pontos de venda”, diz nota da entidade.
Em 2021, os medicamentos subiram 6,17% ante a inflação geral de 10,06%, de acordo com o IPCA, medido pelo IBGE.
“Durante esses dois difíceis anos de pandemia, a oferta dos medicamentos manteve-se regular e seus preços aumentaram menos do que os dos alimentos e dos transportes, por exemplo”, comparou o Sindusfarma.
Uma única vez a cada ano, os aumentos de custo de produção acumulados nos 12 meses anteriores podem ser incorporados ao preço máximo ao consumidor (PMC) dos medicamentos, a critério das empresas fabricantes, aplicando-se uma fórmula de cálculo criada pelo governo.
“Os medicamentos têm um dos mais previsíveis e estáveis comportamentos de preço da economia brasileira”, disse o presidente do Sindusfarma, Nelson Mussolini, em nota.
Na última terça-feira (29), o governo federal divulgou o chamado “Fator Y” da fórmula de cálculo do reajuste anual de preços dos medicamentos, o que permite calcular o índice oficial do reajuste anual de preços dos medicamentos.
A recomposição anual da tabela de Preços Máximos ao Consumidor (PMC) de medicamentos é calculada pela seguinte fórmula, definida pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED). O Índice de reajuste equivale a IPCA - X + Y + Z.
O principal fator da fórmula é a inflação (IPCA), da qual é descontada a produtividade da indústria farmacêutica (fator X) e à qual são somados os custos de produção não captados pelo IPCA, como variação cambial, tarifas de eletricidade e variação de preços de insumos (fator Y).
Para promover a concorrência nos diversos segmentos do mercado de medicamentos, a CMED criou o fator Z, que reduz progressivamente o desconto da produtividade. Em 2022, o índice de reajuste apurado pela fórmula de cálculo foi IPCA de 10,54%, Fator X de 0%, Fator Y de 0,35% e Fator Z de 0%.
“Nem a enorme pressão de custos das matérias-primas, do câmbio e da logística global do período, entre outros insumos, gerou instabilidades nos preços desse bem essencial para o enfrentamento da covid-19 e para a população brasileira”, comentou o Sindusfarma, que reúne atualmente 513 empresas nacionais e internacionais que detêm mais de 95% do mercado de medicamentos brasileiro.
Segundo a entidade, a carga tributária embutida no preço dos medicamentos equivale a até 32% do valor final pago pelo consumidor.
“É importante o consumidor pesquisar nas farmácias e drogarias as melhores ofertas dos medicamentos prescritos pelos profissionais de saúde”, recomendou Mussolini. “Dependendo da reposição de estoques e das estratégias comerciais dos estabelecimentos, aumentos de preço podem demorar meses ou nem acontecer”.
Peso no orçamento
Segundo a segunda edição da pesquisa de “Aspectos do Endividamento”, divulgada neste mês pela PROTESTE (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor), medicamento/farmácia é o quarto item mais parcelado pelos consumidores (39%), ficando na frente até de vestimenta e entretenimento. Tipos de compras parceladas no último ano:
- Alimentação/supermercado: 65%
- Eletrodomésticos: 54%
- Eletrônicos: 49%
- Medicamentos/farmácia: 39%
- Vestimenta: 36%
A entidade dá cinco dicas para ajudar o consumidor a economizar:
- Pesquise preços: procure em diferentes redes de farmácias e drogarias, que podem acabar cobrindo os preços da concorrência. Depois de escolher um estabelecimento da sua preferência, faça o cadastro de fidelidade, pois costumam oferecer descontos. Outra opção é usar comparadores on-line de preços de remédios
- Dê preferência aos genéricos: peça para seu médico fazer a prescrição pelo nome do princípio ativo, e não pelo nome comercial, para que você opte pelo genérico, sempre mais barato. Vale a pena ainda comparar os valores do mesmo genérico de diferentes laboratórios
- Cadastre-se no programa Farmácia Popular: se você tem hipertensão, diabetes ou asma, pode adquirir medicamentos gratuitos pela Farmácia Popular, acessível a todos os brasileiros. O programa ainda oferece outros remédios com preços até 90% mais baixos. Basta ir a uma farmácia credenciada, apresentar a identidade e a receita, que não necessita ser de um médico do Sistema Único de Saúde (SUS)
- Utilize programas de fidelidade: cadastre-se nos programas dos laboratórios aceitos em muitas farmácias, os descontos podem chegar a 70%. Se você é vinculado a um sindicato ou associação de classe profissional, veja se há parceria com alguma rede, o que também pode reduzir os preços dos medicamentos. Muitos estabelecimentos ainda dão descontos a usuários de alguns planos de saúde
- Retire remédios gratuitos pelo SUS: o Ministério da Saúde disponibiliza medicamentos gratuitos para diversas doenças nas unidades básicas de saúde. Só é preciso levar a receita, que não precisa ser de um médico do SUS, e a identidade para retirá-los. E, caso necessite de fármacos específicos para doenças crônicas e raras, é possível se cadastrar no Programa de Medicamentos Excepcionais e obtê-los gratuitamente
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