Bloomberg — Um grande estudo sobre o antiparasitário ivermectina, que ganhou popularidade como terapia alternativa para a covid-19, constatou que o medicamento não ajudou a manter os pacientes fora do hospital.
Cientistas brasileiros que monitoraram mais de 1.300 pacientes designados para tomar o medicamento ou placebo por três dias também constataram que o tratamento não ajudou em várias outras medidas de saúde, como eliminação viral após uma semana, velocidade de recuperação ou risco de morte. Os resultados do estudo foram publicados no New England Journal of Medicine.
O estudo, graças à sua amplitude e especificidade, deve ajudar a resolver o debate sobre o papel da ivermectina como tratamento para covid. O medicamento ganhou força no início da pandemia, quando os médicos tentavam reaproveitar medicamentos para ajudar a salvar pacientes. Ensaios menores ofereceram resultados conflitantes. Mesmo depois que a Organização Mundial da Saúde disse no ano passado que as evidências de certeza de que a ivermectina funcionava para a covid eram muito baixas e desaconselhava seu uso, alguns médicos continuaram prescrevendo o medicamento.
Os autores do estudo reconheceram o risco que de que outros discordassem de seu protocolo, embora o estudo tenha sido duplo-cego, o que significa que nem os pacientes nem a equipe médica sabiam se receberam o medicamento real ou um placebo.
“Dado o interesse público pela ivermectina e o apoio de seu uso por grupos paramédicos, suspeitamos que haverá críticas de que nosso regime de administração foi inadequado”, escreveram.
A abordagem de reaproveitamento ajudou a identificar alguns tratamentos que podem funcionar para a covid – como o corticosteroide dexametasona – e não deu certo para outros, como o medicamento para malária hidroxicloroquina.
--Este texto foi traduzido por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.
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