Bloomberg Línea — O governador João Doria (PSDB) anunciou nesta quinta-feira (31) que será candidato a presidente da República, após um dia de especulações de que o tucano poderia desistir da candidatura.
“Serei candidato a presidente pelo PSDB, pelo PSDB, o nosso partido, o partido da social-democracia e, juntos, ao lado de outros partidos valorosos, nós vamos vencer o populismo, vamos vencer a maldade, vamos vencer a adversidade, vamos vencer a corrupção”, discursou.
“É hora de criarmos uma frente ampla e um time poderoso pelo Brasil e pelos brasileiros. Construir, sim, a melhor via para o nosso país, a via do diálogo, da serenidade, da liberdade”.
“Eu quero estar ao lado de vocês a partir do dia 2 para mostrar que é possível ter uma nova alternativa para o Brasil, uma alternativa de paz, de trabalho, de dedicação, de humildade, longe da ideologia, distante do populismo e absolutamente condenando a corrupção e o mau trato do dinheiro público”, disse, em outro trecho.
“Pesquisas acentuam que nem Bolsonaro nem Lula tem a confiança da maioria dos brasileiros. É uma disputa de rejeitados. É o voto contra que alimenta. É hora do voto ser a favor do Brasil”, disse. “A omissão é a fantasia dos covardes, a coragem é a marca dos líderes”.
Doria disse que a partir do dia 2 o trabalho em São Paulo continua “pelas mãos competentes de Rodrigo Garcia, que será reeleito governador do Estado de São Paulo.
O anúncio da candidatura de Doria foi feito em uma auditório acompanhado por mais de 600 prefeitos. O governador fez um inventário das ações do governo estadual nos três anos e três meses em que esteve à frente do Executivo. Um de seus ativos eleitorais é a atuação durante a pandemia, com a aposta da produção da vacina Coronavac no Instituto Butantan, em parceria com a chinesa Sinovac.
“Corremos em busca da ciência e das vacinas que estavam sendo negligenciadas pelo governo de Jair Bolsonaro. Agradeço ao Instituto Butantan e aos profissionais de saúde de São Paulo que ajudaram a salvar milhares de vidas em todo o Brasil”, disse.
O tom do discurso foi o de comparação com o o governo federal de Jair Bolsonaro. Além da questão das vacinas, Doria disse que a economia do Estado de São Paulo cresceu cinco vezes mais do que o PIB brasileiro
Doria embargou a voz ao lembrar do pai, que foi cassado pela ditadura militar (1964-1985).
Pela manhã, Doria deixou vazar a imprensa a informação de que desistiria da candidatura – o efeito no mundo político foi imediato. No final da manhã, o presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, divulgou uma carta em que “reafirmou” a candidatura de Doria a presidente.
O clima no PSDB continua muito pesado. Uma ala do partido defende a candidatura de Eduardo Leite, que perdeu a prévia de novembro. O governador gaúcho anunciou a renúncia ao cargo e a pretensão para disputar.
Na prática, Doria tem a candidatura, mas ainda não conseguiu a unidade do partido. A ala pró-Eduardo Leite continua articulando sua viabilização, tentando reverter o resultado da prévia com a costura de apoio do MDB e do União Brasil (ex-DEM).
O União Brasil obteve a filiação de Sergio Moro nesta quinta com a condição de que ele abrisse mão na candidatura presidencial. O novo partido, que é resultado da fusão do DEM com o PSL. A candidatura de Moro foi vetada pelo grupo liderado por ACM Neto (BA), que tem 8 dos 17 votos da executiva do partido (para ter candidatura própria, segundo o estatuto, seria necessário o apoio de 60% da executiva do partido).