Wall Street revê estratégias de investimento e hedge com inflação e guerra

Um ponto de consenso é que a inflação não deve ceder tão cedo, e muitos alertam que as condições de liquidez e de negociação podem ficar mais difíceis

Mercados
Por Emily Barrett e Ruth Liew
30 de Março, 2022 | 07:10 PM

Com a entrada da guerra na Ucrânia em seu segundo mês, Wall Street está considerando uma série de cenários possíveis, desde a redução da escalada até o conflito prolongado. O Goldman Sachs Group (GS) está recomendando hedges baratos contra a estagflação em um cenário. A BlackRock (BLK) favorece títulos de curto prazo. A francesa Amundi (AMUN) alerta para uma liquidez mais apertada.

  

“Estamos vivendo em um clima de elevada incerteza geopolítica”, disse Mark Dowding, diretor de investimentos da BlueBay Asset Management em Londres, que administra US$ 127 bilhões em ativos. “Parte desse aumento nos prêmios de risco provavelmente será permanente porque vimos algo sísmico no decorrer deste mês. Quem sabe o que vai acontecer a qualquer momento? Poderíamos ter qualquer manchete na próxima hora ou duas.”

Um ponto de consenso é que a inflação não deve ceder tão cedo, e muitos alertam que as condições de liquidez e de negociação podem ficar muito mais difíceis.

“As condições de liquidez do mercado parecem resilientes até agora, mas isso é um ponto de atenção”, disse Vincent Mortier, diretor de investimentos da Amundi, a maior gestora de recursos da Europa, com US$ 2,3 trilhões em ativos sob gestão. Eles protegeram carteiras com derivativos, como swaps para default de crédito e opções de venda.

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Aqui estão alguns dos cenários:

Guerra Longa

“Uma guerra prolongada é o cenário do meio do caminho que parece provável para muitos”, disse Agnes Belaisch, estrategista-chefe para a Europa na Baring Investment Services em Londres.

O dólar americano continua sendo um sólido ativo de proteção, na opinião dela. Os spreads de títulos de curto prazo de países periféricos da zona do euro também são atraentes.

Posições compradas em small caps ou mid caps no setor de tecnologia podem se sair bem em uma era de intensificação da segurança nacional, de acordo com Mark Haefele, CIO da UBS Global Wealth Management. Ele é a favor de investimentos no setor de segurança cibernética e tecnologias capacitadoras como 5G+ em telecomunicações.

As ações que pagam dividendos dos EUA são opções consideradas entre as mais seguras devido à sua exposição aos “beneficiários do aumento dos preços da energia”, escreveram Miguel Frederico e Justin Christofel, da BlackRock Financial Management, em nota a clientes.

Investidores discutem duração do conflito e impactos na economia global

Alívio na guerra

A escolha do DBS Bank, com sede em Singapura, que vê o mundo retornando ao “crecimento inflacionário” nesse cenário, é por grandes empresas globais de tecnologia. Como muitos investidores, no entanto, o DBS está underweight em ações europeias, porque a região levará tempo para resolver sua dependência energética da Ucrânia e da Rússia.

Os títulos de curto prazo parecem mais atrativos do que longos, de acordo com o BlackRock Investment Institute, já que os bancos centrais aprenderão a lidar com uma inflação moderada, ditada pela oferta, ao invés de elevar as taxas de juros para um território restritivo.

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As ações chinesas também são favorecidas por DBS e BII, dada a probabilidade de uma política monetária menos apertada à medida que outros bancos centrais elevam juros, embora o BII tenha alertado que “os laços da China com a Rússia criaram um risco de estigma geopolítico que pode pressionar alguns investidores a evitar ativos chineses”.

  

Sanções e Commodities

“Mesmo que as sanções fossem suspensas amanhã, os clientes tradicionais da Rússia estariam procurando diversificar seus fornecedores”, disse Christopher Smart, estrategista-chefe global da Barings.

Barings gosta de moedas vinculadas a commodities e está evitando importadores líquidos.

Entre os favoritos da BlueBay estão o dólar australiano e rand sul-africano.

Em cenário de estagflação ou recessão, o Goldman Sachs diz que hedges cada vez mais baratos contra a estagflação global incluem posições compradas em dólar americano versus franco suiço ou euro. No caso de ações e títulos caíram em conjunto, o estrategista Ian Tomb prefere o iene japonês ao dólar.

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