A Tivit Ventures, o braço de investimentos da empresa brasileira de tecnologia Tivit, vai investir R$ 100 milhões para comprar startups scale ups (de alto crescimento) na América Latina.
A Tivit tem 22 anos, está presente em 10 países e conta com 5 mil funcionários. Com a intenção de trazer novas tecnologias, a empresa viu as startups como soluções mais rápidas para resolver problemas específicos.
Além de contar com um centro de inovação, Eduardo Sodero, CSO da Tivit, disse que a empresa vê o crescimento por aquisições como uma forma não só de trazer novos produtos e novas receitas, mas também novas pessoas com mentalidade empreendedora.
“É como se fosse Fórmula 1, estamos buscando bons carros, que são as empresas, com bons pilotos, que são os funcionários, e a gente vai botar gasolina aditivada. Eu não quero pegar o carro e colocar um copiloto, mas também não quero jogar o carro no lixo e pegar só o piloto”, disse em entrevista, explicando que a operação das adquiridas da Tivit permanece de forma autônoma.
“Isso é muito bom porque, de um lado eles preservam a mentalidade de startup e a agilidade, a velocidade, o senso de dono, mas por outro lado fazem parte de um grande grupo. Podemos ajudar essas empresas na internacionalização, uma empresa que estava só vendendo no Brasil agora pode vender para outros países. Também podemos ajudar essas empresas com mentoria, aspecto comercial, desenvolvimento de produtos, marketing e finanças”, disse.
Software as a Service
A principal busca da Tivit são empresas de SaaS (Software as a Service) que já estão em estágios mais avançados, “com tese comprovada e tração”, segundo Sodero. A procura por startups não se restringe ao Brasil: a empresa olha também para scale-ups da América Latina espanhola.
A Tivit Ventures já engloba sete startups. “As empresas estão indo super bem. Temos empresas que nesse primeiro ano cresceram mais de 400%”, afirma. Segundo Sodero, tecnologia é algo que cresce de forma exponencial e a maneira que as empresas têm para conseguir trazer essa inovação é por parcerias ou aquisições. “Não se consegue fazer tudo sozinho. Temos que estar constantemente abertos e engajando o mercado”.
Crescer por aquisições
Também essa é a visão da Locaweb, que fez uma maratona de aquisições desde que abriu o capital. Em recente evento do BTG Conference, o CEO da Locaweb, Fernando Cirne, disse que as empresas de tecnologia que querem crescer precisam fazer aquisições.
Segundo Denis Morante, fundador e gerente da Fortezza Partners, uma boutique de investimentos especializada em M&A, 2021 foi o ano recorde para as fusões e aquisições no Brasil, com grandes varejistas comprando empresas de logística e fintechs e grandes empresas brasileiras comprando startups para complementar estratégia de crescimento.
“A Magazine Luiza e a Locaweb compraram várias empresas em 2020 e 2021. Essas empresas começaram a ficar muito atentas a empresas menores, mais modernas e que aceleram a estratégia delas. Em 2022 isso vai continuar acontecendo”, disse.
E isso não se restringe ao território brasileiro. O Global M&A Report 2022 divulgado pela Bain & Company mostrou que em 2021 as empresas brasileiras realizaram 179 transações de M&A outbound (transnacional), atingindo o valor total de R$ 49 bilhões, volume bem acima do registrado em 2020, quando foram 68 operações desse tipo, segundo dados do Transactional Track Record (TTR).