Investimentos: Inflação pesa mais que cessar-fogo nas decisões do mercado

Investidores que costumavam apreciar o risco, agora prestam atenção nas curvas das taxas de juros

Conflito elevou preço de commodities
Por Ruth Liew e Ishika Mookerjee
30 de Março, 2022 | 12:38 PM

Bloomberg — As transações mais importantes nos mercados atualmente levam em consideração a inflação.

As bolsas recuam nesta quarta-feira (30), e o preço do petróleo sobe diante do ceticismo em relação à promessa da Rússia de reduzir ataques na Ucrânia e de preocupações com o aumento dos preços de matérias-primas e interrupções no fornecimento de commodities.

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A movimentação reverte parte dos ganhos registrados na terça, quando os mercados avançaram e o S&P 500 (SPX) fechou na maior pontuação desde meados de janeiro. A expectativa é que os preços das commodities caiam com o fim da guerra, aliviando a pressão sobre bancos centrais e países importadores de energia.

Tudo isso mostra que as decisões de investimento consideram a inflação e não o dividendo trazido pela paz, segundo os estrategistas.

“Qualquer sinalização de encerramento do conflito baixaria os preços das commodities e reduziria a inflação”, disse George Boubouras, responsável pela área de pesquisa no fundo de hedge K2 Asset Management em Melbourne. “É por isso que as pessoas estão observando a curva de juros e tudo isso pode apontar para cortes antecipados nas taxas básicas de juros à medida que se reconhece que há riscos de inflação, mas que agora podem estar mais adiante.”

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Embora ainda demonstrem cautela em relação à oferta da Rússia de recuar nas operações militares, os investidores estão revertendo algumas de suas maiores apostas na alta de preços das commodities e voltando a ativos rejeitados anteriormente — incluindo ações europeias, papéis de mercados emergentes e até o iene.

A moeda japonesa, que recuou para o menor nível desde 2015 este mês, é um exemplo de como as jogadas com base na inflação estão superando as tradicionais transações baseadas em risco. O iene chegou a se valorizar 1,3% em relação ao dólar nesta quarta-feira com o entendimento de que a queda dos preços de energia ajudará a balança comercial do país — sem que a característica da moeda japonesa como ativo de proteção fosse contemplada.

  Ações de fora de mercados emergentes já apagaram os prejuízos trazidos pela guerra na Ucrânia

“A queda dos preços do petróleo em meio às negociações entre Rússia e Ucrânia pode aliviar a preocupação com o déficit comercial do Japão devido ao encarecimento da energia importada”, disse Ken Cheung, estrategista de câmbio do Mizuho Bank em Hong Kong. O iene também estava posicionado para uma recuperação após o período recente de fraqueza, segundo ele.

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