Um dia depois do anúncio da troca do presidente da Petrobras (PETR3 e PETR4), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez um discurso a petroleiros no Rio onde contestou as acusações de corrupção na empresa durante as gestões petistas e cobrou dos apoiadores um discurso claro para responsabilizar Jair Bolsonaro (PL) pela alta nos combustíveis e no custo de vida.
Falando a uma plateia de sindicalistas ligados à FUP (Federação Única dos Petroleiros), Lula disse que a esquerda precisa apresentar aos eleitores uma narrativa que seja compreensível aos mais pobres de que a atual política de preços da Petrobras é a responsável pelo seu empobrecimento.
A Petrobras e sua política de preços foram parar no centro do debate eleitoral porque pesquisas apontam que é a economia – e não a corrupção como em 2018 – a principal preocupação dos eleitores, segundo pesquisas.
Ontem, o presidente da empresa, general Joaquim Silva e Luna, foi informado pelo governo de que seu nome não seria reconduzido ao conselho da estatal. A demissão marca o fim de meses de uma relação tumultuada entre Bolsonaro e o general, responsabilizado pelo presidente de não agir para conter a alta dos combustíveis, que viraram focos de ataque de seus adversários na eleição. O substituto será o consultor da área de óleo e gás Adriano Pires.
“Não conheço essa pessoa então não vou falar mal do cara que assumiu. Mas, pelas notícias que li hoje, ele é lobista, muito mais ligado a empresas estrangeiras que as nossas. Faz parte de um grupo seleto de personalidades brasileiras que não aceitam que o petróleo é nosso”, disse Lula sobre o novo presidente da Petrobras, escolhido pelo governo.
“A gente não consegue convencer as pessoas humildes de que o petróleo é nosso de verdade. A gente precisa construir o discurso para a pessoa que está cozinhando com lenha na calçada perceber que a briga é dela, o cara que tem um carrinho e não consegue abastecer que a briga é dele, para o caminhoneiro que não pode encher o tanque de diesel”, disse.
“É preciso mostrar que, quando o petróleo é nosso, a gasolina é mais barata, o diesel é mais barato, o gás é mais barato (...) Uma empresa do porte da Petrobras tem de ter lucro, nunca defendi que a empresa fosse deficitária, mas tem de repartir o lucro com o povo brasileiro”, declarou.
Quase um ano depois do Supremo Tribunal Federal ter restituído seus direitos políticos e anulado suas condenações sa Lava Jato, Lula chamou a força-tarefa da Lava Jato de “quadrilha” e disse que a “narrativa” de corrupção na Petrobras foi usada para “crucificar” a empresa para servir ao capital internacional. Ele equiparou às acusações de corrupção na Petrobras a “crucificação” de Jesus.
“O que fizeram com a Petrobras foi crucificar a mais importante empresa do país, não é só de petróleo, mas empresa do desenvolvimento nacional, de ciência e tecnologia, de inovação. (...) A primeira coisa que fizeram para destruir a Petrobras foi contar todas as mentiras que contaram. Conseguiram construir na sociedade brasileira a ideia de que foi o roubo na Petrobras que fez a Petrobras ter prejuízo”, discursou, referindo-se às acusações de corrupção nas gestões do PT.
“Essa quadrilha da força-tarefa em Curitiba criou a imagem de que todos que defendem a Petrobras são corruptos. E nós não soubemos retrucar. Agora que está ficando provado quem é quem, quem está roubando a Petrobras, de quem está ganhando com a destruição da Petrobras”, discursou o ex-presidente.
“Foi nesse governo que eles dizem que roubaram a Petrobras que fizemos a mais importante capitalização da companhia e a mais importante descoberta da história, que foi o pré-sal”, afirmou.
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