Fed sinaliza alta maior dos juros em meio a críticas por atraso

Após esperança de que a inflação diminuiria no segundo semestre ser frustrada pela guerra, Fed fica mais agressivo para combater inflação

Instituição adota tom mais agressivo para tentar conter inflação
Por Craig Torres
29 de Março, 2022 | 12:18 PM

Bloomberg — Diante dos aumentos persistentes dos preços e das críticas de que estão atrasados, representantes do banco central dos Estados Unidos adotaram um plano ainda mais agressivo para combater a inflação do que sinalizaram no começo do mês.

Desde a reunião de política monetária de 15 e 16 de março, a preferência do presidente do Federal Reserve e seus colegas passou de acréscimos lentos e graduais na taxa básica de juros para um aperto substancial no início do ciclo, com possibilidade de uma alta de 0,50 ponto percentual em maio e outras por vir.

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A guerra na Ucrânia em princípio gerou cautela. As autoridades optaram por subir a taxa básica que estava praticamente zerada em 0,25 ponto percentual. Mas os investidores não se abalaram com a decisão e o Fed logo passou a temer que o avanço nos preços de alimentos e energia devido à guerra levaria a inflação — e as expectativas inflacionárias — a patamares inaceitáveis.

Em discursos desde que elevaram os juros, as autoridades da instituição enfatizam que o papel do banco central na contenção das pressões inflacionárias precisa ter maior relevância no debate doméstico.

“Inflação, inflação e inflação, essa é a prioridade de todos”, declarou a comandante do escritório regional do Fed em São Francisco, Mary Daly, durante o Bloomberg Equality Summit em 23 de março, acrescentando que “estamos considerando tudo agora”, incluindo um aumento de 0,50 ponto percentual em maio, para reverter a escalada dos índices de preços para o maior nível em 40 anos.

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Antes da fala de Daly, o presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou em um discurso em 21 de março que o comitê de política monetária precisa se movimentar “rapidamente”, adotando um tom mais agressivo do que usou alguns dias antes na entrevista coletiva após a reunião.

A rapidez da mudança passa a impressão de que as autoridades estão tentando recuperar o atraso, disse Derek Tang, economista da LH Meyer em Washington.

“Eles apostaram tudo na queda da inflação no segundo semestre”, disse Tang. Mas com a guerra na Ucrânia elevando os preços de alimentos e energia e as cadeias de suprimentos ainda mais prejudicadas por medidas de lockdown na China contra o coronavírus, “é cada vez menos provável que isso aconteça”.

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Essa avaliação parece ter empurrado o comitê de política monetária em direção a um acréscimo de 0,50 ponto em maio. Os mercados de juros futuros se posicionam para uma decisão dessa magnitude e precificam 2,1 pontos percentuais adicionais de aperto ao longo do ano — o equivalente a oito aumentos de 0,25 ponto nas seis reuniões restantes de 2022.

Wall Street espera que o Fed se movimente ainda mais rápido. Os economistas do Citigroup (C) antecipam quatro ajustes consecutivos de 0,50 ponto e depois mais dois aumentos de 0,25 ponto.

“A comunicação do Fed desde a reunião de março confirmou que o comitê de política monetária teria aumentado os juros em 0,50 ponto percentual em março se a Rússia não tivesse invadido a Ucrânia. A guerra imediatamente exacerbou a inflação, mas o efeito negativo sobre o crescimento nos EUA ou o mercado de trabalho ainda não apareceu”, escreveram Anna Wong, Yelena Shulyatyeva, Andrew Husby e Eliza Winger, da Bloomberg Economics.

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