Eleições: Ministro do TSE diz que se enganou e revoga decisão sobre Lollapalooza

Raul Araújo diz que havia entendido que o festival estimulara os artistas a apoiar candidatos, embora despacho do domingo seja dirigido aos músicos

Ministro do TSE revoga sua própria decisão que havia proibido artistas de fazer manifestações políticas no Lollapalooza
29 de Março, 2022 | 10:47 AM

Bloomberg Línea — O ministro Raul Araújo, do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), revogou sua decisão que havia proibido artistas de fazer manifestações políticas no Lollapalooza.

Em despacho da noite da segunda-feira (28), Araújo homologou a desistência do processo pelo PL e arquivou o caso. Com isso, o processo deixa de tramitar e a decisão anterior fica sem efeitos, como se não tivesse sido tomada.

No despacho, Raul Araújo disse que entendeu errado a situação descrita pelo PL no pedido enviado ao TSE. “A decisão anterior foi tomada com base na compreensão de que a organização do evento promovia propaganda política ostensiva estimulando os artistas - e não os artistas, individualmente, os quais têm garantida, pela Constituição Federal, a ampla liberdade de expressão”, escreveu.

Só que a decisão original do domingo (27), hoje revogada, se dirigia aos artistas, e não ao festival: “Defiro parcialmente o pedido de tutela antecipada formulada na exordial da representação, no sentido de prestigiar a proibição legal, vedando a realização ou manifestação de propaganda eleitoral ostensiva e extemporânea em favor de qualquer candidato ou partido político por parte dos músicos e grupos musicas que se apresentem no festival”.

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O Lollapalooza sequer chegou a ser intimado da decisão, que não pôde ser cumprida. Na petição inicial do processo, o escritório que representa o PL, do ex-ministro do TSE Tarcísio Vieira de Carvalho, errou o endereço e o CNPJ da organizadora do festival, o que impossibilitou a intimação. O Lollapalooza foi até domingo (27).

A decisão revogada na segunda proibiu os artistas que tocaram no Lollapalooza de fazer manifestações de apoio a candidatos. Para o ministro Raul Araújo, tratava-se de propaganda eleitoral antecipada.

O ministro atendeu a pedido do PL, partido do presidente Jair Bolsonaro, que entrou com a ação depois que a cantora Pabllo Vittar hasteou uma toalha estampada com o rosto do ex-presidente Lula (PT).

Pedro Canário

Repórter de Política da Bloomberg Línea no Brasil. Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero em 2009, tem ampla experiência com temas ligados a Direito e Justiça. Foi repórter, editor, correspondente em Brasília e chefe de redação do site Consultor Jurídico (ConJur) e repórter de Supremo Tribunal Federal do site O Antagonista.