A plataforma de empreendedorismo tecnológico Latitud anunciou nesta segunda-feira (28) uma rodada Seed de US$ 11,5 milhões liderada por Andreessen Horowitz (a16z), um dos fundos de capital de risco mais reconhecidos do Vale do Silício.
A rodada também conta com a participação de NFX, Endeavor, Canary, FJ Labs e alguns líderes de startups da América Latina, incluindo David Velez (fundador do Nubank); Carlos e Loreanne Garcia (Kavak); Sebastian Mejia (Rappi), entre outros.
Esta é uma das maiores rodadas Seed da região e responde a uma tendência recente de investidores apostarem em startups que ajudem a gerenciar outras startups. É o caso da Kamino, que levantou US$ 6,1 milhões em capital Seed para explorar a infraestrutura de startups, e da Jeeves, uma fintech que oferece serviços financeiros para startups que acabou de se tornar um unicórnio de US$ 2,1 bilhões.
A startup fundada em 2020 na Califórnia usará os recursos desta rodada para escalar sua plataforma de tecnologia e programas educacionais, onde já participaram 800 fundadores da América Latina.
Fundada por Brian Requarth, Gina Gotthilf e Yuri Danichenko, a Latitud criou um conjunto de soluções, que até o momento incluem Latitud Go e mentorias, para abordar e fornecer soluções para os maiores pontos de atrito para empreendedores em estágio inicial que iniciam empresas na América Latina: formação da empresa, capital internacional, gerenciamento de capitalização e acesso a orientação de líderes e operadores de tecnologia renomados.
Latitud Ventures, o braço de investimentos da empresa liderado por Tomas Roggio, administra o primeiro fundo da região, que já investiu cheques pré-seed e cheques seed em mais de 70 empresas, das quais 15 são mexicanas, incluindo Yuno, Flexio, Jefa, Reworth e Rícino, além da argentina Pomelo, e as brasileiras BHub e Alinea.
No México, existem 119 Latituders, fundadores de startups nos programas da Latitud. A empresa é apoiada por empreendedores proeminentes do ecossistema de startups, incluindo David Arana, da Konfio; Oscar Hjertonsson da Cornershop e Carlos e Loreanne García, cofundadores da Kavak. Além disso, os fundadores do unicórnio Gerry Colier de Clara e Daniel Vogel de Bitso fazem parte do primeiro grupo Latitud Angel Fellowship.
Um compromisso com startups na América Latina
Brian Requarth, Gina Gotthilf e Yuri Danichenko estão enfrentando um problema sério: a alta taxa de mortalidade de startups na região. De acordo com o Instituto del Fracaso, uma organização independente com sede no México dedicada a analisar o ecossistema empreendedor, 75% das startups fecham suas portas dentro de dois anos após o nascimento.
Requarth, CEO da Latitud, disse à Bloomberg Línea que a ideia da Latitud surgiu em meio à pandemia, quando as pessoas estavam todas em casa. Ele estava esperando a aprovação para a venda da VivaReal. Apesar de ser um experiente executivo, fez a transação no Brasil por US$ 550 milhões, mas perdeu o equivalente a US$ 100 milhões devido a um erro. “Quando vendi minha última empresa, houve um erro na transação e o dinheiro foi transferido para a pessoa errada. Como isso aconteceu?”, disse.
Esse erro ocorreu porque muitos dos processos são feitos manualmente. Sua própria experiência de empreendedorismo na Colômbia, México e Brasil o levou a identificar que a infraestrutura era necessária para apoiar startups na América Latina. “Vi em primeira mão como essa barreira pode matar soluções muito promissoras”, disse Requarth. A ideia que ele tinha era construir um caminho para tornar tudo mais eficiente para o empreendedorismo de tecnologia.
“Conectei-me com Yuri, que é um CTO com muita experiência na construção de equipes de tecnologia e produtos, e Gina, que é uma executiva que escalou a equipe e o crescimento do Duolingo de 3 milhões de usuários para 200 milhões de usuários globalmente. Nós três vimos a grande necessidade de elevar o ecossistema. Então, com a mesma visão e a mesma missão, nos unimos para tentar fechar essa lacuna de informações e apoiar o ecossistema com boas soluções para que o ecossistema de startups na América Latina possa crescer”, disse Requarth.
Assim nasceu a Latitud Go, uma plataforma de tecnologia que permite a qualquer fundador criar uma empresa apoiada por capital de risco pronta para escalar globalmente.
“Estamos abertos a diferentes soluções, a ideia é imaginar um mundo onde você basicamente clica em um botão e pode iniciar seu negócio com todas as suas contas configuradas”, acrescenta Yuri Danilchenko, CTO da Latitud.
Hoje a Latitud atua com empreendedores na América Latina, e seu foco principal no momento é México, Brasil, Colômbia, Chile e Argentina.
As mesmas oportunidades que no Vale do Silício
Gina Gotthilf, COO da Latitud, diz que muitos fundadores não obtêm sucesso na região porque enfrentam problemas burocráticos. “Nada é tão fácil quanto no Vale do Silício”, reflete a empresária brasileira.
“É por isso que começamos uma comunidade e convidamos todos os empreendedores mais ambiciosos que conhecíamos para aprender a ser os empreendedores mais bem-sucedidos e os operadores mais bem-sucedidos do Vale do Silício e da América Latina, para que pudessem aprender uns com os outros e também com seus mentores, " Gotthilf estressa. Esse é o braço educacional da Latitud, o Fellowships.
Requarth diz que sabe por experiência própria o quão solitária é a jornada empreendedora. Mas “se você conhecer outras pessoas que estão um passo à sua frente, muitas vezes você pode compartilhar esse feedback e, assim, dar mais direção aos grandes desafios que estão em cada esquina. Então eu vi isso quando conheci outros fundadores no Brasil e isso facilitou toda a jornada empreendedora para mim”.
O próximo passo da Latitud
Danilchenko diz que pretende dobrar os produtos que eles oferecem. “Temos a ambição de criar bases e infraestrutura para começar a crescer e escalar startups na América Latina, qualquer dor que vemos no caminho do fundador (como contratações, cap table, instituições financeiras) iremos a fundo para entender e resolver”, diz Danilchenko, que tem experiência em escalar equipes de tecnologia em startups B2B de alto crescimento no Brasil.
O plano é fortalecer internamente também. A intenção é fechar o ano com 45 pessoas, dobrando a empresa até o final do ano, compartilhou Requarth.
Além disso, o investimento inicial liderado pela a16z servirá para melhorar as soluções da Latitud para empreendedores em estágio inicial. “Isso nos permitirá sonhar muito mais alto e construir grandes soluções do ponto de vista tecnológico”, diz Gina Gotthilf.