Petrobras: Governo confirma demissão de Luna e indica Adriano Pires para CEO

O ministério de Minas e Energia confirmou a mudança; Rodolfo Landin segue na presidência do conselho da estatal

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Bloomberg Línea — Adriano Pires, sócio-fundador e diretor do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE), será o novo presidente da Petrobras (PETR4), confirmou o Ministério de Minas e Energia, em nota divulgada na noite desta segunda-feira (28). Ele vai substituir Joaquim Silva e Luna.

O pano de fundo da decisão foi a insatisfação vocalizada pelo presidente nas últimas semanas com a empresa pelas altas nos preços dos combustíveis. Uma fonte do Palácio do Planalto disse à Bloomberg Línea que a irritação do presidente com Silva e Luna chegou a um pico no último dia 10 de março, quando a companhia anunciou um reajuste e 18,8% na gasolina e de 24,9% no diesel. No mesmo dia, o Senado aprovou uma mudança para aliviar a tributação dos combustíveis, defendida pelo presidente.

O reajuste vinha sofrendo um represamento havia quase 60 dias, período em que o barril do petróleo rompeu a barreira de US$ 100 após a invasão da Ucrânia pela Rússia.

A política de preços da Petrobras se tornou um dos principais temas da eleição deste ano. Líder nas pesquisas e principal adversário de Bolsonaro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva culpa o atual presidente pelas sucessivas altas do preço dos combustíveis e promete acabar com a paridade das cotações do dólar e do preço internacional do barril no preço pago pelo consumidor brasileiro.

A mudança ocorre em um momento em que a disparada dos preços dos combustíveis provoca um aumento do custo de vida dos brasileiros, enquanto o presidente Jair Bolsonaro (PL) aparece em segundo lugar nas pesquisas sobre corrida presidencial, atrás do ex-presidente Lula (PT).

O general Silva e Luna chegou à presidência da Petrobras em abril do ano passado, depois que a questão dos preços dos combustíveis também custou a demissão do antecessor Roberto Castello Branco, um tecnocrata que estava desde 2019 no comando da companhia.

Em nota, o Ministério de Minas e Energia confirmou notícias publicadas mais cedo na imprensa brasileira de que Adriano Pires seria indicado para o comando da estatal.

Ao comunicar a decisão, a pasta informa que “consolidou a relação de indicados do acionista controlador para compor o conselho de administração da Petróleo Brasileiro S.A. – Petrobras, a ter efeito a partir da confirmação pela Assembleia Geral Ordinária, que ocorrerá em 13 de abril de 2022″.

O presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, foi confirmado também na presidência do conselho de administração. “A relação apresenta o Sr. Rodolfo Landim para o exercício da Presidência do Conselho de Administração e o Sr. Adriano Pires para o exercício da Presidência da Empresa”, diz o comunicado.

Repercussão

Pedro Paulo Silveira, diretor de gestão de investimentos da Nova Futura Gestora de Recursos, comentou o anúncio prevendo uma reação positiva do mercado nesta terça-feira (29).

“O anúncio deve cair bem no mercado. Pires é um profissional competente. O Landim já foi funcionário da Petrobras, conhece o mercado de petróleo. Isso deve sinalizar para o mercado alguma tranquilidade. Estou esperançoso de que isso mitique o sinal ruim enviado pela demissão do Silva e Luna. De fato, não é positivo substituir um CEO tantas vezes de uma empresa como a Petrobras, dado que é uma empresa mista, que tem um número significativo de acionistas tanto domésticos como internacionais. Esse é um problema de governança. Essas nomeações devem cair bem e mitigar o mau sinal da saída do Silva e Luna”, disse Silveira.

Silva e Luna tinha assumido o cargo em abril do ano passado. “Embora a decisão seja igual à tomada um ano atrás, quando o Executivo decidiu não reconduzir Castello Branco e indicar o General Silva e Luna à presidência da Petrobras, os desdobramentos do fato para as ações hoje se deram de forma bem mais contidos. Isto acontece pela hora pela qual a notícia foi divulgada e pelo mercado já trabalhar a semanas com a possibilidade da mudança ser executada”, observou o analista de research da Ativa Investimentos, Ilan Arbetman.

(Atualizado às 20h15 com contexto da decisão)

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