Petrobras: Governo confirma demissão de Luna e indica Adriano Pires para CEO

O ministério de Minas e Energia confirmou a mudança; Rodolfo Landin segue na presidência do conselho da estatal

Governo confirma demissão de Luna e indica Adriano Pires para CEO
28 de Março, 2022 | 07:33 PM

Bloomberg Línea — Adriano Pires, sócio-fundador e diretor do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE), será o novo presidente da Petrobras (PETR4), confirmou o Ministério de Minas e Energia, em nota divulgada na noite desta segunda-feira (28). Ele vai substituir Joaquim Silva e Luna.

O pano de fundo da decisão foi a insatisfação vocalizada pelo presidente nas últimas semanas com a empresa pelas altas nos preços dos combustíveis. Uma fonte do Palácio do Planalto disse à Bloomberg Línea que a irritação do presidente com Silva e Luna chegou a um pico no último dia 10 de março, quando a companhia anunciou um reajuste e 18,8% na gasolina e de 24,9% no diesel. No mesmo dia, o Senado aprovou uma mudança para aliviar a tributação dos combustíveis, defendida pelo presidente.

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O reajuste vinha sofrendo um represamento havia quase 60 dias, período em que o barril do petróleo rompeu a barreira de US$ 100 após a invasão da Ucrânia pela Rússia.

A política de preços da Petrobras se tornou um dos principais temas da eleição deste ano. Líder nas pesquisas e principal adversário de Bolsonaro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva culpa o atual presidente pelas sucessivas altas do preço dos combustíveis e promete acabar com a paridade das cotações do dólar e do preço internacional do barril no preço pago pelo consumidor brasileiro.

A mudança ocorre em um momento em que a disparada dos preços dos combustíveis provoca um aumento do custo de vida dos brasileiros, enquanto o presidente Jair Bolsonaro (PL) aparece em segundo lugar nas pesquisas sobre corrida presidencial, atrás do ex-presidente Lula (PT).

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O general Silva e Luna chegou à presidência da Petrobras em abril do ano passado, depois que a questão dos preços dos combustíveis também custou a demissão do antecessor Roberto Castello Branco, um tecnocrata que estava desde 2019 no comando da companhia.

Em nota, o Ministério de Minas e Energia confirmou notícias publicadas mais cedo na imprensa brasileira de que Adriano Pires seria indicado para o comando da estatal.

Ao comunicar a decisão, a pasta informa que “consolidou a relação de indicados do acionista controlador para compor o conselho de administração da Petróleo Brasileiro S.A. – Petrobras, a ter efeito a partir da confirmação pela Assembleia Geral Ordinária, que ocorrerá em 13 de abril de 2022″.

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O presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, foi confirmado também na presidência do conselho de administração. “A relação apresenta o Sr. Rodolfo Landim para o exercício da Presidência do Conselho de Administração e o Sr. Adriano Pires para o exercício da Presidência da Empresa”, diz o comunicado.

Repercussão

Pedro Paulo Silveira, diretor de gestão de investimentos da Nova Futura Gestora de Recursos, comentou o anúncio prevendo uma reação positiva do mercado nesta terça-feira (29).

“O anúncio deve cair bem no mercado. Pires é um profissional competente. O Landim já foi funcionário da Petrobras, conhece o mercado de petróleo. Isso deve sinalizar para o mercado alguma tranquilidade. Estou esperançoso de que isso mitique o sinal ruim enviado pela demissão do Silva e Luna. De fato, não é positivo substituir um CEO tantas vezes de uma empresa como a Petrobras, dado que é uma empresa mista, que tem um número significativo de acionistas tanto domésticos como internacionais. Esse é um problema de governança. Essas nomeações devem cair bem e mitigar o mau sinal da saída do Silva e Luna”, disse Silveira.

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Silva e Luna tinha assumido o cargo em abril do ano passado. “Embora a decisão seja igual à tomada um ano atrás, quando o Executivo decidiu não reconduzir Castello Branco e indicar o General Silva e Luna à presidência da Petrobras, os desdobramentos do fato para as ações hoje se deram de forma bem mais contidos. Isto acontece pela hora pela qual a notícia foi divulgada e pelo mercado já trabalhar a semanas com a possibilidade da mudança ser executada”, observou o analista de research da Ativa Investimentos, Ilan Arbetman.

(Atualizado às 20h15 com contexto da decisão)

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Toni Sciarretta

News director da Bloomberg Línea no Brasil. Jornalista com mais de 20 anos de experiência na cobertura diária de finanças, mercados e empresas abertas. Trabalhou no Valor Econômico e na Folha de S.Paulo. Foi bolsista do programa de jornalismo da Universidade de Michigan.

Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 29 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.

Graciliano Rocha

Editor da Bloomberg Línea no Brasil. Jornalista formado pela UFMS. Foi correspondente internacional (2012-2015), cobriu Operação Lava Jato e foi um dos vencedores do Prêmio Petrobras de Jornalismo em 2018. É autor do livro "Irmã Dulce, a Santa dos Pobres" (Planeta), que figurou nas principais listas de best-sellers em 2019.