Bloomberg — Os investidores estão lutando para obter segurança à medida que os riscos aumentam – da guerra na Ucrânia ao aumento de juros e uma possível recessão global – e eles encontraram: o mercado de ações dos Estados Unidos, sobretudo as maiores empresas americanas.
O índice S&P 500 (IVVB11) subiu mais de 8% nas últimas duas semanas, recuperando todas as suas perdas desde a invasão russa em 24 de fevereiro. Enquanto isso, o Nasdaq 100 (NASD11), focado em tecnologia, subiu quase 11% no mesmo período.
Com lucros sólidos e perspectivas corporativas melhorando, há razões para acreditar que esses ganhos podem se manter apesar dos inúmeros riscos para as ações globais.
“As pessoas ficam incomodadas porque sentem que o mercado não tem coração”, Nancy Tengler, presidente-executiva e diretora de investimentos da Laffer Tengler Investments, disse em entrevista. “E é isso mesmo.”
O conflito gerou um salto nos preços das commodities, alimentando a inflação que já estava no nível mais alto em décadas. Enquanto isso, as sanções contra Moscou ameaçam afetar o crescimento econômico global.
Os riscos de recessão nos EUA também estão se acumulando, com partes da curva de juros do Tesouro se invertendo à medida que o Federal Reserve embarca em um novo ciclo de aperto monetário.
Talvez o mais intrigante seja o fato de que os maiores mercados de ações do mundo não entraram em colapso. O índice STOXX Europe 600 está praticamente estável desde que a Rússia invadiu a Ucrânia. O MSCI AC Asia Pacific caiu um pouco no período, enquanto o Nasdaq Golden Dragon China caiu mais, em grande parte devido a temores sobre o crescimento e o risco de que empresas chinesas sejam expulsas das bolsas dos EUA.
Por enquanto, as ações americanas parecem ser a melhor opção para investidores globais, principalmente em comparação com títulos de renda fixa. O ganho dos títulos de dívida pública globais ponderado pelo PIB mundial está a caminho de seu pior ano desde 1949, segundo o Bank of America (BAC).
“A visão é que devemos simplesmente migrar para setores mais favoráveis, porque realmente não há muita alternativa às ações”, disse Ilya Feygin, estrategista sênior da WallachBeth Capital.
As ações de grande valor de mercado (large caps) nos EUA oferecem mais segurança do que as ações de pequena e média capitalização (small e mid caps), pois tendem a gerar uma renda confiável para os investidores, especialmente empresas que podem manter pagamentos de dividendos.
Além disso, a baixa do mercado de ações dos EUA no início do ano pode já ter precificado em grande parte um aumento nos preços do petróleo e uma desaceleração do crescimento econômico, o que significa que não estão mais tão caras, segundo Tengler.
“As large caps dos EUA são um refúgio porque são confiáveis e crescem, e não têm muitas dívidas”, disse Tengler.
Veja mais em Bloomberg.com
Leia também
- Inflação e medo de recessão agravam perdas dos títulos globais
- Ibovespa segue exterior e oscila na abertura com foco nos juros
©2022 Bloomberg L.P.
