Confinar boi rende cinco vezes mais do que o CDI

Investimentos que acompanham a Selic pagam em média, neste ano, 0,82% ao mês, enquanto confinar boi magro e vender boi gordo rende mais de 4%

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Bloomberg Línea — A perspectiva de aumento da taxa básica de juros no Brasil para controlar a inflação não está assustando quem aposta no confinamento de boi como alternativa de investimento. A atividade que consiste em comprar o garrotes (boi magro), a ração, medicação, deixar os animais engordando por três a quatro meses e vendê-los para frigoríficos devem oferecer um rendimento médio neste ano de 4,04% ao mês. Para efeitos comparativos, a taxa Selic e todos os rendimentos atrelados a ela como o CDI pagam em média modestos 0,82% mensais.

E o que está acontecendo neste ano não é exceção. Nos últimos sete anos, confinar boi trouxe, invariavelmente, rendimentos superiores aos oferecidos pelo CDI.

Segundo cálculos do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), unidade da Universidade de São Paulo (USP), junto aos clientes de confinamento da holandesa DSM, no ano passado, o retorno sobre investimento para os confinamentos foi de 6,65% para um período de 107 dias. Na prática, uma taxa de 1,82% ao mês. A taxa Selic média de 2021 foi de 4,54% ao ano, ou 0,37% ao mês.

Mesmo com os aumentos dos custos dos confinamentos, a perspectiva é que a rentabilidade da atividade permaneça atrativa neste ano, da mesma forma que foi no ano passado. O que temos visto é que os preços do boi gordo subiram mais do que os principais insumos necessários para produzir esse animal”, afirma Thiago Carvalho, pesquisador do Cepea.

Nos cálculos do Cepea, o boi magro, insumo que representa cerca de 70% do custo de produção de um confinamento para se produzir um boi gordo, subiu no ano passado 2,1%. Já o milho, base da ração consumida pelos animais no confinamento, teve uma valorização de 24,6% no ano passado em comparação a 2020.

Nesse mesmo período, a arroba do boi gordo subiu 13%. Para este ano, o cenário é que os preços do milho se sigam elevados, mas estáveis. No caso do boi magro, a tendência é que ocorra até um pequeno recuou em comparação ao ano passado. Já os preços futuros da arroba do boi gordo sinalizam uma curva ascendente na B3.

O acompanhamento mensal realizado pela DSM mostra que um confinador que fechou um lote de animais em novembro do ano passado e está entregando para abate agora em março, o investimento está rendendo 5,29% ao mês.

Para quem está entrando com os animais no confinamento em fevereiro, para venda e entrega em junho, o retorno projetado está em 2,43% ao mês. “O retorno pode ser ainda maior dependendo da tecnologia que o pecuarista utiliza. As tecnologias de nutrição permitem um ganho de peso acima da média nacional e bem acima dos animais criados apenas a pasto”, afirma Hugo Cunha, gerente técnico nacional de Confinamento da DSM.

Como investir em confinamento de boi

Se você não é pecuarista, nem confinador, mas se interessou pelo retorno que a atividade oferece, existem alternativas para buscar um rendimento pelo menos próximo desses patamares.

Confinar boi é uma atividade que exige capital intensivo. Nesse sentido, muitas empresas de confinamento buscam se financiar com recursos nos Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA). É comum que gestoras de recursos estruturem operações para financiar os confinamentos, abrindo oportunidades para investidores aportar capital.

Contudo, entrar em uma operação de CRA ainda assim pode exigir grandes volumes financeiros. Nesse caso, ainda existe uma outra possibilidade de tentar esses rendimentos. Os Fiagros estão em alta no Brasil e já possuem mais de 12 fundos listados na bolsa em que as cotas podem ser adquiridas. Esses fundos são lastreados em CRA’s, fazendas e outros papeis e são uma forma de diversificação dos investidores, com retornos interessantes e que oferecem o benefício de isenção de imposto de renda sobre os rendimentos.

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