Bolsonaro lança candidatura à reeleição, tendo a economia como desafio

Inflação e o desemprego estão acima de 10% após a pandemia e a economia deve crescer apenas 0,5% este ano são fatores que pesam sobre popularidade do presidente

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O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, está buscando um segundo mandato em meio a crescentes desafios econômicos que potencialmente determinarão o resultado das eleições deste ano. O líder de direita lança sua pré-candidatura neste domingo em um evento organizado pelo Partido Liberal, que também receberá o ministro da Defesa, Walter Braga Netto, que pode ocupar o posto de candidato a vice na chapa do atual presidente.

Pela lei, os candidatos à votação de outubro só serão considerados oficiais quando se registrarem nas autoridades eleitorais, após as convenções partidárias, que pode ocorrer até agosto.

Bolsonaro foi eleito em 2018 em uma plataforma conservadora e anticorrupção que repercutiu em brasileiros indignados com uma série de escândalos de corrupção que assolam o governo de 13 anos do Partido dos Trabalhadores, de esquerda.

Mas os problemas econômicos voltaram à tona desde então: a inflação e o desemprego estão acima de 10% após a pandemia, a economia deve crescer apenas 0,5% este ano e a pobreza voltou aos níveis vistos pela última vez em 2010.

Estes problemas econômicos afetaram a popularidade do atual presidente e aumentaram as chances de seu principal adversário – o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010), que muitos brasileiros associam a um período de bonança econômica que foi amplamente apoiado por um boom global de commodities.

Lula, que estava atrás preso e impedido de concorrer nas eleições de 2018, agora receberia 44% dos votos no primeiro turno, enquanto Bolsonaro ficaria com 26%, segundo pesquisa XP/Ipespe divulgada nesta sexta-feira. Ele derrotaria Bolsonaro com 54% dos votos em um segundo turno, apurou a mesma pesquisa.

No entanto, a vantagem de Lula sobre Bolsonaro pode diminuir à medida que o atual presidente lança um pacote de gastos sociais que promete injetar R$ 165 bilhões (US$ 34,8 bilhões) na economia, além do Auxílio Brasil, um programa de transferência de renda para os mais pobres que entrou em ação no início do ano.

Estratégia Antiga

Até agora, Bolsonaro insistiu em uma retórica não muito diferente daquela que o elegeu há quatro anos, alertando os eleitores contra as ameaças de corrupção e comunismo que ele diz que Lula e o Partido dos Trabalhadores representam.

Embora isso ainda ressoe com seus apoiadores mais radicais, pouco faz para ganhar o apoio dos brasileiros pobres que mais sofreram durante a crise do coronavírus, ou das mulheres que, em sua maioria, desaprovam a maneira como o presidente lida com a pandemia e sua atitude muitas vezes pontuada com comentários sexistas.

Bolsonaro está tentando preencher essas lacunas considerando subsídios de combustível ou maiores tickets nos programas sociais, enquanto tenta atrair eleitores do sexo feminino aparecendo em eventos públicos acompanhados pela primeira-dama Michelle Bolsonaro.

No entanto, é improvável que ele saia muito de sua plataforma original, de acordo com Deysi Cioccari, professora de ciência política da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

“Ele provavelmente usará a mesma estratégia de 2018: falar sobre corrupção, comunismo, armas”, disse ela. “E tem funcionado para ele.”