Breakfast

Um mês de guerra e a Europa aperta o cinto

Também no Breakfast: Sobe e desce intenso nos mercados ante incertezas sobre guerra e expansão econômica; Juros de 1.500%: BMG é condenado por taxas ‘inimagináveis’ a idosa e Brasil é o que mais favoreceu empreendedoras mulheres na AL

25 de Março, 2022 | 07:05 AM
Tempo de leitura: 5 minutos

Bom dia! Este é o Breakfast - o seu primeiro gole de notícias. Uma seleção da Bloomberg Línea com os temas de destaque no mundo dos negócios e das finanças.

Passada a fase de lockdown na Europa, o continente esperava por uma inflação ainda elevada no primeiro semestre deste ano, mas com um viés de queda a partir da segunda metade de 2022. A guerra entre Rússia e Ucrânia mudou esse cenário e gerou um impacto direto no bem-estar financeiro dos países europeus, reduzindo a capacidade da população de equilibrar receitas e despesas esperada para 2022.

O Barômetro de Bem-Estar Financeiro medido pelo Intrum, maior empresa de cobrança e gestão de crédito do mundo, mostra que os 24 países europeus avaliados tiveram uma piora em seus resultados em comparação ao ano anterior. Basicamente, o índice leva em conta três indicadores: capacidade de pagamento de contas, capacidade de poupança e educação financeira da população.

🔴 A esperança de crescimento econômico com o fim das restrições de circulação deu lugar à apreensão com a guerra. E a perspectiva de queda da inflação este ano é cada vez mais improvável. O europeu tende a conter suas despesas ao longo de 2022, viajar menor e usar parte da poupança acumulada ao longo do tempo para enfrentar os próximos meses, segundo  o CEO da Intrum Brasil, Ulisses Rodrigues, em entrevista exclusiva à Bloomberg Línea.

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Cai o nível de bem-estar financeiro da Europa, mas poupança acumulada vai ajudar em tempos de inflação alta

Na trilha dos Mercados

O fim de semana chega com os investidores reavaliando sua exposição à renda variável tanto na Europa como nos Estados Unidos. No início da manhã, os futuros de índices norte-americanos cediam, enquanto as bolsas na Europa, que abriram no vermelho, lutavam para mudar de sinal, mas sem força.

O rumo é incerto e as cotações, voláteis. Os investidores aguardam novas notícias sobre as sanções à Rússia e a reação dos mercados de commodities. A única certeza é que os indicadores da Europa e dos EUA se descolam cada vez mais, já que o impacto da guerra na Ucrânia é direto no continente.

😶‍🌫️ Mercados atordoados

São duas as frentes de preocupação dos investidores. A primeira é o desenrolar da guerra e do isolamento da Rússia, que não só afeta o tabuleiro das forças geopolíticas, como traz consequências visíveis à inflação mundial.

De outro lado vem a política monetária dos bancos centrais mundiais. A inflação já vinha sendo tratada como um indesejável intruso e, com a guerra, o problema se agrava. Na tentativa de controlar a espiral inflacionária, as autoridades monetárias estão lançando mão de medidas como o aumento de juros e o fim dos programas de recompra de ativos (que deram liquidez aos mercados no período mais agudo da pandemia).

⏹ Freada econômica?

Porém, um aperto monetário neste cenário de maior inflação e incertezas pode frear a economia bruscamente. Alguns especialistas em análise técnica identificam nas curvas de juros dos bônus do Tesouro dos EUA a expectativa de que haja uma forte desaceleração econômica ou mesmo uma recessão pela frente.

Os mercados na primeira hora do dia

🟢 As bolsas ontem: Dow (+1,02%), S&P 500 (+1,43%), Nasdaq (+1,93%), Stoxx 600 (-0,21%), Ibovespa (+1,36%)

No aniversário de um mês da invasão russa à Ucrânia e com todas as incertezas no ar, as bolsas de valores dos EUA registraram ganhos consideráveis no fechamento de ontem. Mesmo com o esperado impacto da guerra sobre as economias mundiais e o aperto monetário anunciado aos quatro ventos pelo Fed, Wall Street se ateve à percepção de que a economia americana sentirá menos os solavancos econômicos. Os preços do petróleo recuaram 3%, apagando os ganhos da jornada anterior, quando o mercado reagira à queda dos estoques de petróleo bruto dos EUA na última semana.

Saiba mais sobre o vaivém dos Mercados

No radar

Esta é a agenda prevista para hoje:

EUA: Expectativas de Inflação a 5 anos/Mar e Confiança do Consumidor - Michigan/Mar; Vendas Pendentes de Moradias/Fev)

Europa: Cúpula de líderes da União Europeia. Zona do Euro (Massa Monetária M3, Empréstimos ao Setor Privado); Alemanha (Índice Ifo de Clima de Negócios/Mar); Reino Unido (Vendas no Varejo/Fev); Espanha (PIB/4T21); Itália (Confiança Empresarial/Mar)

América Latina: Brasil (Confiança do Consumidor FGV/Mar; IPCA-15/Mar)

Bancos Centrais: Discursos de Catherine Mann (BoE) e dos membros do Fed John Williams, Thomas Barkin e Christopher Waller

📌 E para segunda-feira:

• EUA: Balança Comercial de Bens/Fev; Estoques do Varejo excluindo Automóveis/Fev; Índice de Atividade das Empresas Fed Dallas/Mar

• Ásia: Japão (Taxa de Desemprego/Fev); Hong Kong (Balança Comercial/Fev)

• América Latina: Brasil (Boletim Focus, Transações Correntes/Fev; Investimento Estrangeiro Direto/Fev); México (Balança Comercial/Fev); Argentina (Vendas no Varejo)

• Bancos centrais: Pronunciamento de Andrew Bailey, presidente do BoE

Destaques da Bloomberg Línea

BRF: Disputa por poder no conselho esquenta com demanda da Previ

Turismo amplia demanda por teleféricos com retomada pós-pandemia

Credores da antiga Queiroz Galvão Oil aprovam plano de reestruturação

• Brasil é o que mais favoreceu empreendedoras mulheres na América Latina

Também é importante

• O Tribunal de Justiça de São Paulo condenou o banco BMG por danos morais por cobrar juros abusivos em dois contratos de empréstimo com uma idosa. Segundo o processo, um contrato previa juros de 1.561,95% (25,99% ao mês) ao ano e o outro, 1.270,52% ao ano (24,01% ao mês).

A nova pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta apresentou um cenário de estabilidade entre os principais candidatos a presidente, com variação dentro da margem de erro. Segundo instituto de pesquisa, Lula (PT) tem 43%, Bolsonaro (PL) tem 26%, Moro (Podemos) 8%, Ciro (PDT) 6% e Doria (PSDB) 2%.

• Um acordo político entre o presidente Joe Biden e a União Europeia abrirá caminho para importações adicionais de gás natural liquefeito dos EUA para ajudar o bloco a substituir as importações russas do combustível, disse um alto funcionário da UE.

O presidente Joe Biden planeja solicitar US$ 813,3 bilhões em gastos com segurança nacional - incluindo US$ 773 bilhões para o Pentágono - no orçamento federal que enviará ao Congresso na próxima segunda-feira (28), segundo autoridades familiarizadas consultadas pela Bloomberg News.

Opinião Bloomberg

Uma nova recessão global é o preço por punir Putin?

É impossível sair ileso de uma afronta a Vladimir Putin. Sem dúvida, isso tem seus custos. Os preços da energia estão subindo, as empresas estão saindo da Rússia e as que ficam correm o risco de nacionalização. Há uma preocupação com o abastecimento global de alimentos. A conversa sobre a recessão começou, embora a economia mundial ainda esteja se recuperando da última crise financeira. Seria ingenuidade descartar uma nova queda – se é que ela já não nos atingiu.

Pra não ficar de fora

Taxis amarillos

A empresa Uber decidiu começar a listar os táxis amarelos de Nova York em seu aplicativo. Esta é a primeira parceria do tipo nos Estados Unidos e faz parte de um esforço para aliviar a escassez de motoristas e a pressão sobre as tarifas do aplicativo. As ações da Uber terminaram o dia com alta de 4,96% nesta quinta.

🚕 A empresa gigante de mobilidade chegou a um acordo com os parceiros de tecnologia da Comissão de Táxis e Limousines de Nova York, que regula a atividade, de acordo com informações da Creative Mobile Technologies e da Curb Mobility, em comunicado individual.

🚖 Seus aplicativos, Curb e Arro, atendem a maioria dos táxis amarelos da cidade e agora permitem também que os passageiros reservem viagens em táxis pelo aplicativo da Uber.

A parceria será testada na primavera do hemisfério norte, entre março e junho, e será lançada mais amplamente durante o verão local, a partir de junho.

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Edição: Michelly Teixeira | News Editor, Europe

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