Bloomberg — O mercado acompanha uma agenda repleta de dados fiscais, de atividade e inflação na próxima semana, após fala do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reduzir as apostas em alta mais prolongada da Selic. Fluxo move o câmbio. No exterior, payroll e falas de dirigentes de BCs devem influenciar expectativas de aperto monetário, enquanto petróleo monitora guerra na Ucrânia.
Indicadores e juros
O mercado vai monitorar uma bateria de indicadores para balizar apostas no mercado de juros. Os DIs despencam desde a sessão de quinta-feira após o presidente do BC reforçar que a Selic pode ter uma última alta em maio. O prêmio para alta adicional em junho caiu para apenas cerca de 40 pontos. Agenda começa na segunda com pesquisa Focus e contas externas. No dia 30, serão divulgados o resultado do governo central em fevereiro e o IGP-M de março, após IPCA-15 salgado não frear a baixa dos DIs. No dia seguinte, serão conhecidos o primário consolidado e a taxa de desemprego. Produção industrial de fevereiro e balança de março fecham a agenda na sexta. BC disse nessa semana que vê crescimento maior em 2022.
Fluxo e câmbio
O mercado segue acompanhando o fluxo cambial, que ajudou o dólar a cair abaixo de R$ 4,80 nesta sexta-feira. Mesmo com a conta financeira registrando déficit, o fluxo foi positivo em US$ 1,61 bilhão de 1 a 18 de março, com o saldo assegurado pelo câmbio comercial. O relatório de inflação esta semana passou a a prever para este ano o 1º superavit da conta corrente desde 2007. A revisão incorpora a recente alta nos preços internacionais de commodities, resultando em aumento do saldo comercial, disse o BC.
Payroll, Bailey, petróleo
Os EUA terão agenda carregada de dados na próxima semana, com destaque para o payroll de março, na sexta-feira, com estimativa de desaceleração do número de vagas criadas para 480.000. PIB, PCE e ADP são outros destaques, além de falas de dirigentes do Fed como Harker, Barkin, Bostic e Williams. No Reino Unido, o presidente do BOE, Andrew Bailey, fala no dia 28. Os rendimentos dos Treasuries ampliaram avanço nesta sexta-feira com aumento nas apostas em altas de juros. Investidores globais ainda seguem as cotações do petróleo, que voltaram a ser pressionadas esta semana com receios de novas sanções contra a Rússia.
Ministro da Educação
A ministra do STF, Cármen Lúcia, determinou a instauração de inquérito contra o ministro da Educação, Milton Ribeiro, para apurar denúncias na liberação de verbas oficiais do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e do MEC, atendendo pedido da PGR, segundo nota no site do tribunal. A ministra também remeteu à PGR três notícias-crime apresentadas por parlamentares pedindo a investigação do presidente Jair Bolsonaro no caso. Bolsonaro defendeu o ministro durante sua live semanal, e disse que as denúncias são “covardia”. O ministro negou irregularidades no Twitter.
Petrobras e assembleias
O presidente Bolsonaro voltou a criticar os preços dos combustíveis, ao afirmar em live nas redes sociais nesta quinta-feira que o preço está um “absurdo” em função dos impostos. Já o ex-presidente Lula, que segue na liderança das pesquisas, voltou a criticar, em postagem no Twitter, a vinculação dos preços praticados pela Petrobras ao dólar. As companhias Ânima, BRF, Tim, IRB, Marcopolo e Porto Seguro reúnem os acionistas em assembleias nos próximos dias. Ânima também está entre as que divulgam resultados do último trimestre, lista que ainda inclui Cemig, Cesp, Oi, e Aliansce Sonae. Já Suzano e Eletrobras promovem encontros com investidores.
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