Brasília em Off: A armadilha de Guedes para seu sucessor

Para técnicos do governo, o próximo presidente, seja quem for, poderá ter que aumentar impostos para fechar as contas

O forte ganho de arrecadação deu ânimo ao ministro da Economia, Paulo Guedes, para retomar a estratégia de cortar impostos para ajudar a indústria nacional e, de lambuja, ainda cooperar com o Banco Central no combate à inflação
Por Martha Beck
25 de Março, 2022 | 07:23 PM

Bloomberg — O forte ganho de arrecadação deu ânimo ao ministro da Economia, Paulo Guedes, para retomar a estratégia de cortar impostos para ajudar a indústria nacional e, de lambuja, ainda cooperar com o Banco Central no combate à inflação. Por trás disso, no entanto, também tem uma armadilha sendo montada para o próximo governo.

Não há unanimidade entre os técnicos da equipe econômica sobre se esse crescimento da arrecadação é estrutural - sem se saber disso, também não se sabe se daria para abrir mão de todo esse dinheiro sem risco fiscal.

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O resultado da tesourada já está claro para os técnicos: o próximo presidente, seja quem for, poderá ter que aumentar impostos para fechar as contas.

Já ganhou

Na equipe econômica, há quem já trate como certa a derrota do presidente Jair Bolsonaro e a vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas urnas. Em reuniões de Guedes com sua equipe fala-se, por exemplo, na necessidade urgente da capitalização da Eletrobras para que todo o esforço de privatização da empresa não se perca com a vitória do petista.

Salto Alto

Uma das missões que o PSB tomou para si ao filiar Geraldo Alckmin e se aliar ao PT na corrida presidencial de 2022 é tirar a turma de Lula do salto alto.

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A avaliação é que não se pode cantar vitória antes do tempo. É preciso parar com balões de ensaio sobre nomes para os ministérios num eventual governo petista e encarar Bolsonaro como um candidato competitivo que ainda pode dar muito trabalho até outubro.

Limite

O MDB deu até maio para que Simone Tebet atinja ao menos 5% nas pesquisas eleitorais e sua candidatura à presidência decole. Segundo interlocutores do partido, Simone é um bom nome, mas faltou viajar pelo país e se tornar mais conhecida -- ela patina perto de 1% desde os primeiros levantamentos. Embora a senadora negue, o cenário que se desenha agora é mesmo o de uma aliança com o PSDB para se tornar candidata a vice de João Doria.

Fake News

O presidente da Câmara, Arthur Lira, tem uma lista de propostas que quer ver aprovadas ainda em 2022. Mas a prioridade mesmo está no projeto que cria a Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na internet, conhecido como PL das Fake News. Embora o governo queira desacelerar o debate, Lira quer tratar do assunto antes das eleições e obrigar as bigtechs a remunerarem produtores de conteúdo jornalístico.

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