Barcelona, Espanha — O fim de semana chega com os investidores em ações lutando para levantar os principais indicadores dos Estados Unidos e da Europa. Depois de uma abertura negativa, tanto as bolsas europeias como os futuros de índices norte-americanos tentavam se manter em terreno positivo.
Ainda assim, o rumo é incerto e dependente de um cenário duvidoso. Para ajustar sua exposição nos mercados financeiros, os investidores observam com atenção as notícias sobre as sanções à Rússia e a reação dos mercados de commodities. Os indicadores da Europa e dos EUA têm se descolado cada vez mais, já que o impacto da guerra na Ucrânia é direto no continente.
Instantes atrás, o índice Stoxx Europe 600, que durante boa parte da manhã esteve entre altas e baixas, se deixava orientar pelos ganhos dos setores de tecnologia e imobiliário. Os papéis da Trelleborg AB subiam depois que o grupo industrial sueco concordou em vender seus negócios de pneus. Por outro lado, as empresas de energia mostravam um desempenho abaixo do esperado, seguindo a queda de preços do gás natural com a notícia de que os EUA e a União Europeia chegaram a um acordo de suprimento da matéria-prima, diminuindo a dependência europeia do abastecimento russo.
Os futuros do S&P 500 e Nasdaq 100 mostravam pequenas variações positivas. Os prêmios do Tesouro, que subiam no começo da manhã, cediam instantes atrás. Ultimamente, o rendimento de curto prazo do Tesouro tem visto um aumento trimestral mais acentuado desde 1984. O petróleo recuava - o WTI já era cotado em torno de US$ 100 o barril.
😶🌫️ Mercados atordoados
São duas as frentes de preocupação dos investidores. A primeira é o desenrolar da guerra e do isolamento da Rússia, que não só afeta o tabuleiro das forças geopolíticas, como traz consequências visíveis à inflação mundial.
De outro lado vem a política monetária dos bancos centrais mundiais. A inflação já vinha sendo tratada como um indesejável intruso e, com a guerra, o problema se agrava. Na tentativa de controlar a espiral inflacionária, as autoridades monetárias estão lançando mão de medidas como o aumento de juros e o fim dos programas de recompra de ativos (que deram liquidez aos mercados no período mais agudo da pandemia).
⏹ Freada econômica?
Porém, um aperto monetário neste cenário de maior inflação e incertezas pode frear a economia bruscamente. Alguns especialistas em análise técnica identificam nas curvas de juros dos bônus do Tesouro dos EUA a expectativa de que haja uma forte desaceleração econômica - há quem fale até em recessão.
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🟢 As bolsas ontem: Dow (+1,02%), S&P 500 (+1,43%), Nasdaq (+1,93%), Stoxx 600 (-0,21%), Ibovespa (+1,36%)
No aniversário de um mês da invasão russa à Ucrânia e com todas as incertezas no ar, as bolsas de valores dos EUA registraram ganhos consideráveis no fechamento de ontem. Mesmo com o esperado impacto da guerra sobre as economias mundiais e o aperto monetário anunciado aos quatro ventos pelo Fed, Wall Street se ateve à percepção de que a economia americana sentirá menos os solavancos econômicos. Os preços do petróleo recuaram 3%, apagando os ganhos da jornada anterior, quando o mercado reagira à queda dos estoques de petróleo bruto dos EUA na última semana.
Na agenda
Esta é a agenda prevista para hoje:
• EUA: Expectativas de Inflação a 5 anos/Mar e Confiança do Consumidor - Michigan/Mar; Vendas Pendentes de Moradias/Fev)
• Europa: Cúpula de líderes da União Europeia. Zona do Euro (Massa Monetária M3, Empréstimos ao Setor Privado); Alemanha (Índice Ifo de Clima de Negócios/Mar); Reino Unido (Vendas no Varejo/Fev); Espanha (PIB/4T21); Itália (Confiança Empresarial/Mar)
• América Latina: Brasil (Confiança do Consumidor FGV/Mar; IPCA-15/Mar)
• Bancos Centrais: Discursos de Catherine Mann (BoE) e dos membros do Fed John Williams, Thomas Barkin e Christopher Waller
📌 E para segunda-feira:
• EUA: Balança Comercial de Bens/Fev; Estoques do Varejo excluindo Automóveis/Fev; Índice de Atividade das Empresas Fed Dallas/Mar
• Ásia: Japão (Taxa de Desemprego/Fev); Hong Kong (Balança Comercial/Fev)
• América Latina: Brasil (Boletim Focus, Transações Correntes/Fev; Investimento Estrangeiro Direto/Fev); México (Balança Comercial/Fev); Argentina (Vendas no Varejo)
• Bancos centrais: Pronunciamento de Andrew Bailey, presidente do BoE
-- Com informações de Bloomberg News