Barcelona, Espanha — Um mês de guerra e uma agenda com eventos decisivos no campo diplomático. O dia de hoje, que também está carregado de indicadores macroeconômicos globais, requer dos investidores atenção total.
Depois de uma abertura positiva, as bolsas europeias vacilavam. O índice Stoxx Europe 600, que opera volátil, chegou a apagar os ganhos recentes, afetado pelos últimos dados PMI no continente, com o impacto da guerra já materializado sobre os preços das matérias-primas e uma grande ameaça ao crescimento econômico no ar. O britânico FTSE 100 subia, mas o DAX alemão recuava 0,06%. Nos Estados Unidos, os futuros de índices subiam instantes atrás, depois de uma queda acentuada das bolsas na sessão anterior.
Ao mesmo tempo, o ouro se valorizava e o petróleo subia e descia. O barril tipo Brent oscilava entre ganhos e perdas perto de US$ 122, enquanto o WTI se situava em torno dos US$ 115. A expectativa é grande com relação a um aumento das sanções envolvendo o petróleo e o gás russos.
Os títulos soberanos voltavam a encadear perdas de seu valor nominal, com aumento dos prêmios. A inversão de partes da curva de juros aponta para um risco crescente de queda do crescimento econômico, à medida que as commodities em alta agravam a crise energética da Europa. Outra influência sobre o mercado de títulos é o início de um ciclo de aperto monetário, com alta dos juros e o fim do apoio dos bancos centrais à liquidez dos mercados.
- E após quase um mês fechada, a bolsa na Rússia retomava parcialmente suas operações com valorização. O índice MOEX Rússia subiu mais de 4% depois que a Bolsa de Moscou retomou as negociações com 33 das 50 ações listadas no indicador. A intervenção do governo russo para apoiar o mercado acionário ajudou a levantar ações.
🟢 Diplomacia no radar
Dentre os principais eventos, em Bruxelas, estão o encontro dos G-7 e a cúpula extraordinária dos líderes da OTAN, das quais participa também o presidente dos Estados Unidos Joe Biden.
Uma das metas deste último encontro é fortalecer a Aliança Atlântica e articular a entrega de mais suprimentos à Ucrânia, com equipamentos de proteção contra ameaças químicas, biológicas e nucleares.
🇪🇺 O preço da dependência
Outro ponto crucial e muito esperado pelos mercados diz respeito à nova rodada de sanções, sobretudo aquelas que dizem respeito ao embargo de petróleo e gás provenientes da Rússia. Ainda há resistências com relação a um embargo total, já que a Europa é muito dependente das matérias-primas energéticas russas.
Mesmo quando os EUA dizem que o país e a União Europeia estão próximos de um acordo para reduzir a dependência da Europa da energia russa, o chanceler alemão Olaf Scholz advertiu ontem que parar as importações de energia russa “significaria mergulhar o país e toda a Europa em uma recessão”.
Enquanto isso, o presidente russo Vladimir Putin avisou de seus planos de que “países hostis” paguem pelo gás em rublos, um movimento que favorece a moeda russa (ontem, o rublo subiu 8,81% frente ao dólar) e pressiona ainda mais os já disparados preços das commodities energéticas.
🧩 Mais peças importantes
Geopolítica à parte, a agenda também está carregada de indicadores PMIs, que medem as compras pelas indústrias, e falas de membros de alguns dos principais bancos centrais mundiais. Portanto, os operadores terão uma série de elementos para coletar e traçar suas estratégias de investimento.
→ Leia também o Breakfast, uma newsletter da Bloomberg Línea: Não se esqueça da crise hídrica
🟢 As bolsas ontem: Dow (-1,29%), S&P 500 (-1,23%), Nasdaq (-1,32%), Stoxx 600 (-1,01%), Ibovespa (+0,16%)
A disparada dos preços das commodities de energia e o risco potencial de uma escalada da guerra afetaram a disposição dos investidores ao risco. As ações caíram em ambos os lados do Atlântico, após atingirem seus níveis mais altos em um mês na sessão anterior. Além disso, o mercado internacional repercutiu a queda inesperada nas vendas de casas novas nos EUA e também da confiança do consumidor na Zona do Euro, esta última no nível mais baixo desde maio de 2020, época do grande lockdown.
Na agenda
Esta é a agenda prevista para hoje:
• Feriado na Argentina (Dia Nacional da Memória pela Verdade e Justiça)
• Indicadores PMIs: Estados Unidos, União Europeia, Alemanha, França, Espanha, Reino Unido, Japão
• EUA: Pedidos Iniciais de Seguro-Desemprego, Pedidos de Bens Duráveis/Fev, Transações Correntes/4T21, Estoques de Gás Natural, Índice de Atividade Industrial Fed Kansas/Mar, Atividade das Refinarias de Petróleo pela EIA
• Europa: Zona do Euro (Cúpula de Líderes da UE; Massa Monetária M3); Reino Unido (Confiança do Consumidor GfK/Mar; Vendas no Varejo/Mar, Indicador IFO de Clima Empresarial), Itália (Confiança do Consumidor e do Setor Manufatureiro)
• Ásia: Japão (IPC Tóquio/Mar)
• América Latina: Brasil (Relatório Trimestral de Inflação, Reunião do CMN); México (Decisão sobre Taxa de Juros, IPC/Mar, Vendas no Varejo/Jan)
• Bancos Centrais: Relatório Mensal do BCE. Discursos de Frank Elderson (BCE), Catherine Mann (BoE), Christopher Waller (Fed), Charles Evans (Fed), James Bullard (Fed), Johannes Beermann (Bundesbank)
📌 E para amanhã:
• EUA: Expectativas de Inflação a 5 anos/Mar e Confiança do Consumidor - Michigan/Mar; Vendas Pendentes de Moradias/Fev)
• Europa: Cúpula de líderes da União Europeia. Zona do Euro (Massa Monetária M3, Empréstimos ao Setor Privado); Alemanha (Índice Ifo de Clima de Negócios/Mar); Reino Unido (Vendas no Varejo/Fev); Espanha (PIB/4T21); Itália (Confiança Empresarial/Mar)
• América Latina: Brasil (Confiança do Consumidor FGV/Mar; IPCA-15/Mar)
• Bancos Centrais: Discursos de Catherine Mann (BoE) e dos membros do Fed John Williams, Thomas Barkin e Christopher Waller
-- Com informações de Bloomberg News