Dólar passa a subir após Campos Neto sinalizar fim de ciclo de alta de juros

Relatório de inflação, divulgado na manhã de hoje, também é digerido pelo mercado, com BC adotando um tom otimista sobre o crescimento

Dólar passa a subir após Campos Neto sinalizar fim de ciclo de alta de juros
24 de Março, 2022 | 01:59 PM

Bloomberg Línea — O dólar (USD-BRL), que chegou a cair 1,3% e ser negociado a R$ 4,76 no final da manhã, passou a subir logo após o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sinalizar que o ciclo de alta de juros pode terminar já em maio. Segundo o presidente do BC, uma alta adicional de juros em junho “não é o cenário mais provável”.

  • A moeda americana foi negociada a R$ 4,8501, com alta de 0,5% pouco antes das 14h (horário de Brasília);
  • O Ibovespa tinha alta de 1,2%, marcando 118.905 mil pontos;
  • No mercado de juros, o contrato do DI para janeiro de 2023 recuava de 12,975% para 12,87%, enquanto o contrato para janeiro de 2025 passava de 12,065% para 11,865;
  • Nos EUA, o Dow Jones (INDU) subia 0,6%, o S&P 500 (SPX) tinha alta de 0,8% e o Nasdaq 100 (NDX), 1,2%;

Para o presidente do BC, se o cenário internacional se agravar e ocorrer um outro choque com impacto nas expectativas, BC poderá repensar o cenário com um movimento adicional em junho. Ele disse que o BC tem instrumentos para cumprir a meta de inflação em 2023 e 2024. Também reconheceu que a recente valorização do real compensa alta de commodities como grãos e metais, mas não no caso do petróleo.

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No relatório de inflação, o BC adotou um tom mais otimista que os investidores quanto ao crescimento econômico. O BC manteve a projeção do produto interno bruto para 2022 estável em 1%, segundo o Relatório Trimestral de Inflação. Economistas consultados pelo BC projetam expansão de 0,5% neste ano e de 1,3% no ano que vem para o PIB.

No exterior, os mercados seguem com foco voltado para as negociações na Otan e nos países do G-7 em novas sanções à Rússia, com a guerra completando um mês hoje. Os Estados Unidos anunciaram um novo pacote de sanções às elites russas, legisladores e empresas de defesa, punições destinadas a aumentar a pressão sobre Moscou por sua invasão da Ucrânia. As preocupações sobre o ajuste na política monetária dos bancos centrais do mundo ainda se mantêm, o que adiciona mais uma dose de incerteza aos mercados.

A divulgação dos números de pedidos de seguro-desemprego nos EUA ajudou a impulsionar um tom positivo à abertura dos mercados por lá, com o registro atingindo nível mais baixo desde 1969.

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Contexto

Os EUA imporão sanções de bloqueio total a mais de 400 indivíduos e entidades, incluindo a Duma, a câmara baixa do parlamento russo, e 328 de seus membros, mais de uma dúzia de elites russas e 48 empresas de defesa russas.

Enquanto isso, o petróleo Brent oscilou entre ganhos e perdas perto de US$ 122 o barril com as notícias de que os EUA e a União Europeia estão perto de um acordo destinado a reduzir a dependência da Europa em relação à energia russa.

A extrema volatilidade nos mercados de commodities causada pelo conflito e pela resposta global está minando a liquidez, de acordo com algumas das maiores tradings do mundo. Os preços das commodities tiveram altas erráticas em meio a pressões de oferta e sanções, já que os ataques da Rússia à Ucrânia não mostram sinais de diminuir, e preocupações crescentes sobre o impacto na economia global deixam os investidores lutando para identificar paraísos.

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As ações russas subiram mais de 4% depois que a Moscow Exchange retomou as negociações de quatro horas em 33 das 50 ações listadas no benchmark. A intervenção do governo russo para sustentar o mercado de ações ajudou a elevar as ações no primeiro dia de negociação desde 28 de fevereiro.

(Com informações de Bloomberg News)

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Kariny Leal

Jornalista carioca, formada pela UFRJ, especializada em cobertura econômica e em tempo real, com passagens pela Bloomberg News e Forbes Brasil. Kariny cobre o mercado financeiro e a economia brasileira para a Bloomberg Línea.

Toni Sciarretta

News director da Bloomberg Línea no Brasil. Jornalista com mais de 20 anos de experiência na cobertura diária de finanças, mercados e empresas abertas. Trabalhou no Valor Econômico e na Folha de S.Paulo. Foi bolsista do programa de jornalismo da Universidade de Michigan.