Banco Central divulga Relatório de Inflação e prevê mais crescimento

Relatório Trimestral de Inflação indica que projeção da entidade para 2022 é de estabilidade em 1%

Setores em recuperação pós-pandemia apresentam perspectivas favoráveis
Por Maria Eloisa Capurro
24 de Março, 2022 | 11:45 AM

Bloomberg — O banco central adotou um tom mais otimista que os investidores quanto ao crescimento econômico este ano, à medida que lentamente chega ao fim um dos ciclos de aperto monetário mais agressivos do mundo.

Os encarregados da política monetária mantiveram a projeção do produto interno bruto para 2022 estável em 1%, segundo o Relatório Trimestral de Inflação divulgado nesta quinta-feira (24). Economistas consultados pelo BC projetam expansão de 0,5% neste ano e de 1,3% no ano que vem para o PIB.

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“Mantivemos uma perspectiva favorável para alguns setores específicos, como agricultura e pecuária, e para atividades econômicas que ainda estão em processo de recuperação após os impactos negativos da pandemia”, escreveram os economistas. Os membros esperam uma recuperação nos indicadores mensais a partir de fevereiro e março, à medida que as perspectivas da pandemia melhorem.

Membros do comitê de política monetária, liderado por Roberto Campos Neto, sinalizaram planos para encerrar o ciclo de alta de juros após um aumento final de 100 pontos base em maio. Essas intenções dependem amplamente dos custos das commodities, que geraram o aumento dos preços ao consumidor nas últimas semanas. O presidente do banco central disse na quarta-feira (23) que a inflação atingirá o pico em abril e depois diminuirá, indo em direção à meta.

As projeções de inflação do banco central ficaram inalteradas desde a ata de sua última reunião de política monetária, em 7,1% para este ano e 3,4% para 2023. Essas projeções também contemplam um aumento de 2,4% nos preços ao consumidor em 2024.

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Na semana passada, o BC também apresentou um “cenário alternativo” para a inflação – que agora consideram mais provável – no qual os preços do petróleo caem para US$ 100 o barril em dezembro. Nessa projeção, os aumentos dos preços ao consumidor devem ser de 6,3% em 2022, 3,1% em 2023 e 2,3% em 2024.

Com a invasão da Ucrânia pela Rússia afetando o custo de vida, a maioria dos analistas acredita que as autoridades terão que aumentar as taxas novamente em junho. A inflação anual ficou em 10,54% em fevereiro, e as expectativas de preços ao consumidor do mercado continuam acima das metas de 3,5% para este ano e 3,25% em 2023.

Na ata de sua última decisão, os membros do Copom escreveram que é necessário ter “serenidade” em tempos de volatilidade. Eles acrescentaram que poderiam “ajustar o tamanho do ciclo de ajuste monetário, caso o cenário evolua de modo a se tornar desfavorável”.

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A economia do Brasil emergiu de uma recessão técnica no ano passado e registrou um crescimento de 4,6% em 2021.

--Este texto foi traduzido por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.

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