Baixa do dólar alivia impacto de commodities e favorece Banco Central

Real valorizou 15% em 2022, quase o dobro do percentual da segunda moeda de um país emergente

Presidente do BC Roberto Campos Neto, disse que Selic deve subir 1 ponto percentual novamente em maio
Por Josue Leonel e Aline Oyamada
24 de Março, 2022 | 04:30 PM

Bloomberg — A forte queda recente do dólar, que levou a moeda ao menor nível em dois anos, pode compensar parcialmente o impacto da alta das commodities sobre a inflação, dando ao Banco Central algum alívio em sua batalha, que já dura um ano.

O real valorizou-se em 15% este ano, quase o dobro da alta da segunda melhor moeda emergente do período, o rand sul-africano, ao passo que o Índice Bloomberg Commodities subiu 30% no mesmo período em meio ao choque de oferta de energia e materiais básicos causados pelo conflito na Europa Oriental. Quando medido em reais, o ganho do índice é reduzido para 13%.

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Os ganhos do real estão compensando parcialmente o impacto dos altos preços das commodities, disse a diretora do Banco Central Fernanda Guardado, após a apresentação do relatório trimestral de inflação.

Rali do real alivia impacto da alta dos preços das commodities

As taxas de juros futuras caíram depois que o presidente do BC, Roberto Campos Neto, disse que, embora a Selic deva subir 1 ponto percentual novamente em maio, um aumento adicional em junho não é a decisão mais provável. Após a fala do dirigente, o mercado reduziu os prêmios para altas adicionais da taxa após a reunião de maio.

O impacto benigno do câmbio sobre a inflação pode demorar, mas deve atingir os preços de muitos produtos, ajudando o BC a conter a inflação com menos aumentos de taxas, disse Gustavo Brotto, CIO da Greenbay Investimentos. “Nosso cenário é de apenas mais uma alta de 100 pontos base”.

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