Bloomberg — O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, pediu aos parlamentares japoneses que expandam seu regime de sanções já sem precedentes contra a Rússia, dizendo que precisa de mais ajuda para reverter o “tsunami de invasão brutal”.
Em um discurso na quarta-feira (23), Zelenskiy reiterou o apelo por um embargo comercial contra a Rússia. O discurso em vídeo - assim como seus outros apelos aos parlamentos de apoio - foi salpicado de referências destinadas a atingir um ponto local, como uma alusão ao tsunami de 2011 que devastou o nordeste do Japão e provocou um desastre nuclear.
“Para parar o tsunami de invasão brutal, o comércio com a Rússia deve ser proibido e as empresas devem deixar o mercado russo para que o dinheiro não seja gasto com os militares russos”, disse ele, elogiando o Japão por ser o primeiro país asiático a oferecer ajuda. Os parlamentares o aplaudiram de pé.
Zelenskiy acusou a Rússia de transformar instalações nucleares em campos de batalha - uma questão delicada no Japão, o único país que sofreu um ataque nuclear. E ele alertou sobre relatos de que a Rússia estava preparando ataques usando armas químicas como o sarin, que um grupo terrorista usou em 1994 para realizar um ataque ao metrô de Tóquio. Zelenskiy até pediu a reforma das Nações Unidas, uma questão pela qual o Japão faz campanha há muito tempo.
O Japão impôs sanções severas à Rússia por causa da invasão, mantendo-se em sintonia com os EUA, seu único aliado militar, enquanto se recusa a forçar suas empresas a sair de joint ventures de energia. O governo do primeiro-ministro Fumio Kishida condenou Moscou por “abalar as fundações da ordem internacional” e esticou os princípios pacifistas do país enviando à Ucrânia equipamentos militares não letais, como capacetes e jaquetas à prova de balas.
Kishida parte no final do dia para a Bélgica, onde deve participar de uma cúpula do G7 sobre a invasão da Ucrânia. Os EUA e seus aliados planejam impor mais sanções à Rússia na quinta-feira (24), disse um assessor do presidente Joe Biden a repórteres.
Moscou interrompeu as negociações com o Japão com o objetivo de chegar a um tratado formal de paz que ponha fim à Segunda Guerra Mundial, que foram frustradas por uma disputa sobre um pequeno grupo de ilhas tomadas pela União Soviética no final do conflito.
Pesquisas mostram que as sanções do Japão têm amplo apoio do público. Uma pesquisa do jornal Asahi realizada de 19 a 20 de março descobriu que dois terços dos entrevistados disseram que as medidas devem permanecer em vigor, mesmo que afetem a economia. A aprovação do governo de Kishida também aumentou em pesquisas recentes, com uma importante eleição para a câmara alta prevista para daqui a quatro meses.
“O povo japonês compartilha com o primeiro-ministro a visão de que os valores universais são importantes”, disse o vice-secretário-chefe do gabinete, Seiji Kihara, à Bloomberg na semana passada. “Acho que eles querem agir para defender esses valores.”
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