Ex-adversário, Alckmin filia-se ao PSB e diz que Lula agora é esperança

‘Não tenho dúvida que o presidente Lula, se Deus quiser eleito, vai reinserir o Brasil no cenário mundial’, disse o ex-tucano

Por

O ex-governador Geraldo Alckmin filiou-se nesta quarta-feira (23) ao PSB e deu um passo para ser o companheiro de chapa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), contra quem disputou e perdeu a eleição de 2006. Alckmin, que deixou o PSDB após mais de 30 anos de filiação, disse hoje que Lula “vai reinserir o Brasil no cenário mundial”.

“Nós temos que ter os olhos abertos para enxergar, a humildade para entender que Lula é hoje aquele que melhor reflete, interpreta o sentimento de esperança do povo brasileiro”, disse em discurso.

E prosseguiu: “Aliás, ele representa a própria democracia porque ele é fruto da democracia. Não chegaria lá do berço humilde que sempre foi se não fosse o processo democrático e, por ter conhecido as vicissitudes, é que na verdade interpreta esse sentimento da alma nacional.”

“As tarefas políticas não são fáceis. Em política não se obriga, em política se conquista com argumentos, com respeito, ouvindo aqueles que discordam de nós, mas com convicção para trabalharmos em benefício da nossa população.”

“Não tenho dúvida que o presidente Lula, se Deus quiser eleito, vai reinserir o Brasil no cenário mundial”.

Veja mais: Lula: fechar fábricas de fertilizantes foi ‘irresponsabilidade total’

POR QUE ISSO É IMPORTANTE: A aproximação dos dois ex-adversários políticos, costurada ao longo dos últimos meses, é uma sinalização de Lula em direção ao centro do espectro político, visando isolar o presidente Jair Bolsonaro. Lula tem dito que não quer ser um candidato “do PT”, mas de um movimento político mais amplo, de “reconstrução do país”.

Diferentes pesquisas eleitorais têm mostrado uma forte dianteira do petista sobre Bolsonaro, o segundo colocado, e os candidatos da terceira via empacados, longe dos dois primeiros.

CONTEXTO: No discurso, Alckmin falou sobre a aliança com Lula, dezesseis anos após os dois terem se enfrentando no primeiro e no segundo turnos da eleição de 2006. Naquela ocasião, Lula foi reeleito.

“Alguns podem estranhar. Eu disputei com o presidente Lula a eleição em 2006. Fomos para o segundo turno. Mas nunca colocamos em risco a questão democrática. Nunca. O debate era de outro nível. Nunca se questionou a democracia. Democracia é um valor, é um princípio, é um valor, é o respeito às pessoas”, afirmou.

Veja mais: Eleições: Antibolsonarismo supera antipetismo, diz pesquisa FSB/BTG

“A primeira tarefa nossa é combater a mentira, porque a mentira é o que há de pior no regime democrático”, disse.

“Os que agridem o Supremo Tribunal Federal agridem a democracia”, disse Alckmin, numa referência ao presidente Jair Bolsonaro, sem citá-lo nominalmente.

VITÓRIA SOBRE DALLAGNOL NO STJ: No front jurídico, Lula foi reabilitado eleitoralmente no ano passado pelo Supremo Tribunal Federal, que anulou suas condenações em Curitiba por considerar que a 13ª Vara Federal incompetente para julgar seus processos. Em uma decisão subsequente, o então juiz Sergio Moro – hoje nome do Podemos à Presidência – foi considerado parcial nas ações envolvendo o ex-presidente.

Na terça, Lula teve uma vitória considerada simbólica por seus apoiadores. Por 4 votos a 1, a quarta turma do Superior Tribunal de Justiça considerou que Deltan Dallagnol, ex-coordenador da força-tarefa da Lava Jato, feriu a imagem do ex-presidente na célebre entrevista coletiva em que usou um powerpoint para explicar a denúncia (acusação formal) contra o petista no caso do triplex do Guarujá.

Na decisão, os ministros consideraram que Deltan imputou a Lula fatos ilegais que não estavam descritos na denúncia e condenaram o ex-procurador a indenizar Lula em R$ 75 mil.

Leia também:

A reinvenção do dono da Havan como puxador de votos em SC

‘Inventando Anna’: o verdadeiro processo da falsa herdeira alemã