Covid no Reino Unido: dois anos do lockdown e... mais uma onda do vírus

Mesmo com esforços do governo para desenvolver e administrar vacinas, número total de mortes pela doença ultrapassaram 160 mil

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Bloomberg — Há dois anos, o primeiro-ministro Boris Johnson declarava o lockdown no Reino Unido, orientando as pessoas a ficarem em casa e impondo amplas restrições em um esforço desesperado para retardar o surto de coronavírus.

Agora, o lockdown ficou no passado. Mas a covid-19 continua firme e forte.

Nas últimas semanas, os casos aumentaram novamente, impulsionados pela subvariante BA.2 da cepa ômicron. Nesta quarta-feira (23), o governo registrou mais de 100 mil novos casos – muito acima dos níveis da primeira onda em 2020, quando os testes eram menos difundidos. O número ficou em uma média de quase 80 mil casos nas últimas duas semanas, com base nos números registrados.

A introdução do primeiro lockdown em 2020 foi uma grande guinada para Johnson. Ele estava relutante em implementar medidas tão rígidas e foi muito criticado por demorar a agir.

O mais recente pico de infecções também pode estar relacionado a mudanças de comportamento. Johnson anunciou o fim de praticamente todas as restrições relacionadas à covid em janeiro, após diversas interrupções na mobilidade à medida que as ondas iam e vinham nos últimos dois anos.

Agora, mais pessoas vão aos escritórios e viajam, e pesquisas mostram que as medidas de distanciamento social que passaram a definir a vida durante a pandemia estão sendo descartadas rapidamente.

Um grande sucesso no Reino Unido foi a vacinação. Quase 86% da população do país tomou duas doses e 67% receberam uma dose de reforço. Isso ajudou a manter baixos os números de hospitalizações e mortes em relação às ondas anteriores de coronavírus.

No entanto, mesmo com o grande esforço para desenvolver rapidamente as vacinas e levá-las à população, o número total de mortes por covid ultrapassaram 160 mil.

E o surgimento de novas variantes continua gerando novos surtos de infecções, assim como em vários países ao redor do mundo.

Confira o fio sobre a ômicron (BA.1/BA.2). A ômicron (BA.1) assolou o mundo no final de 2021 após surgir na África do Sul. Essa onda foi rapidamente seguida por uma onda da ômicron BA.2, que está se tornando dominante em muitas partes do mundo.

Há esperança de que a covid se torne menos perigosa e que a variante ômicron cause doenças menos graves e vacinas e tratamentos reforcem as defesas do corpo contra a doença. Ainda assim, além das variantes, os cientistas se preocupam com a chamada covid longa e as medidas em vigor para responder a futuros surtos.

Autoridades da Organização Mundial da Saúde e alguns cientistas expressaram preocupação com o ritmo em que as restrições foram encerradas, mas os políticos estavam sob pressão de um público ansioso para superar estes dois anos de limitações de mobilidade e socialização.

O Reino Unido também reduziu a disponibilidade dos caros testes de covid.

“Entendo que o governo do Reino Unido esteja interessado em parar de gastar com os testes caros, e as pessoas já estão fartas das medidas de isolamento”, disse Simon Clarke, professor adjunto de Microbiologia Celular da Universidade de Reading. “Mas o governo deve ter cuidado para não acabar com todos os sistemas que permitiram que as autoridades do Reino Unido controlassem a onda de ômicron por meio de uma campanha de vacinação bem-sucedida”.

--Este texto foi traduzido por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.

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