Bloomberg — O momento para sair da bolsa não é dos melhores, mas investidores pessoa física que enfrentaram o tombo do mercado acionário dos Estados Unidos em janeiro e fevereiro estão batendo em retirada enquanto as ações estão subindo.
Dados do Bank of America (BAC) mostram que investidores pessoa física foram vendedores líquidos de ações nos EUA pela primeira vez este ano. Segundo números compilados pela área de pesquisa do banco, eles se livraram de mais de US$ 800 milhões em ações na semana passada, depois de comprarem quase US$ 8 bilhões desde janeiro.
Há diversos fatores por trás do recuo. Um deles é a obrigação de pagar um descomunal imposto sobre ganhos de capital. O Morgan Stanley (MS) estima que os contribuintes americanos precisam pagar pelo menos US$ 325 bilhões ao fisco até o mês que vem, quantia 75% maior do que o imposto devido há um ano.
A pressão tributária pode abalar a demanda de ações por investidores que atuam como pilar do mercado acionário desde a derrapada provocada pelo início da pandemia há dois anos. O JPMorgan Chase (JPM) também apresentou dados que mostram diminuição dos fluxos dos investidores individuais em relação ao ritmo acelerado observado no início deste ano.
Alguns especialistas observam que a debandada dos investidores pessoa física ocorre após um grande movimento de redução de risco por outras categorias de investidores, especialmente fundos de hedge, o que pode ajudar a definir um piso para o mercado.
Os investidores pessoa física pularam fora mesmo enquanto as bolsas subiam. No começo da semana passada, o S&P 500 (IVVB11) chegou perto da menor pontuação registrada em 2022, mas avançou em cinco dos seis pregões seguintes. O índice acumulou alta de 8% no período, revertendo metade da perda sofrida nos dois meses anteriores.
O investidor pessoa física conquistou papel mais relevante em Wall Street durante a pandemia. Muitos americanos passaram a operar ações enquanto estavam confinados em casa, incentivados por corretoras de internet que ofereciam taxa zero para trading. Sua influência no mercado diminuiu este ano, quando a postura mais agressiva do banco central dos EUA e a guerra na Ucrânia aumentaram a atividade entre as grandes gestoras de recursos.
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