Bloomberg Línea — Líder nas pesquisas eleitorais, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse, nesta terça-feira (22), que a crise de falta de fertilizantes no país é resultado da “irresponsabilidade” que fechou as unidades de produção de insumos pela Petrobras (PETR3 e PETR4). Com a guerra na Ucrânia, o agronegócio do país corre o risco de sofrer desabastecimento de NPK (nitrogênio, fósforo e potássio), importados principalmente da Rússia e de Belarus.
“O Brasil poderia ser autossuficiente em fertilizantes. O Brasil é o terceiro maior produtor de alimentos do mundo e um país que tem o potencial de produção de alimentos que o Brasil tem, não precisa importar, a gente pode produzir aqui”, afirmou o ex-presidente em entrevista à rádio Som Maior, de Criciúma (SC).
“Eles fecharam as fábricas que a gente tinha, três no Paraná, duas em Sergipe, na Bahia e, mais importante, a fábrica de ureia que a gente estava fazendo em Três Lagoas (MS), que estava 85% pronta. Simplesmente paralisaram, numa demonstração de irresponsabilidade total”, disse.
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A paralisação da obra de Três Lagoas e a saída da Petrobras do mercado de fertilizantes ocorreram no governo Temer, quando a política da estatal passou a concentrar-se na produção de petróleo e o desinvestimento em áreas não prioritárias, como a produção de derivados do gás, como uria, com uso como insumo agrícola. A decisão seguiu-se ao prejuízo bilionário, contabilizado pela Petrobras com o pagamento de propina revelado pela operação Lava Jato.
Hoje, o país importa 85% dos fertilizantes utilizados pelo agronegócio. Em 1996, a importação era responsável por 46%, mas a dependência dos insumos importados cresceu nos 25 anos seguintes de forma consistente, inclusive nos 13 anos em que o país foi governado pelo PT.
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Lula voltou a culpar o presidente Jair Bolsonaro (PL), seu principal adversário em outubro, pela alta dos preços dos combustíveis no país e prometer que, caso seja eleito novamente, vai “abrasileirar” os preços praticados pela Petrobras.
Além de defender a construção de novas refinarias para diminuir a dependência de derivados importados, a crítica do petista dirige-se à política de paridade com os preços do mercado internacional, inaugurada no governo Temer e seguida pelo atual governo.
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“Preço dos combustíveis tem que ser nacionalizado, não pode ser dolarizado, como é agora. (...). Enquanto a gente enriquece o acionista, a gente empobrece a sociedade. Não tem cabimento”, disse.
“O presidente tem de chamar o presidente da Petrobras, o conselho da Petrobras, o Conselho Nacional de Política Energética e discutir a questão do preço”, afirmou.
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