Ibovespa sobe com exterior, enquanto investidores digerem ata do Copom

Segundo economista, “é prudente precificar ao menos mais uma elevação de 50bps, a fim de restaurar a ancoragem e a credibilidade” das atribuições do BC

O petróleo se estabilizou hoje após uma sessão volátil que viu os preços futuros do Brent variando de US$ 119 a US$ 113 o barril
22 de Março, 2022 | 11:08 AM

Bloomberg Línea — O principal índice da bolsa brasileira (IBOV) opera no azul na manhã desta terça-feira (22), com impulso da recuperação dos mercados acionários americanos. Na véspera, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, voltou a dizer que poderá acelerar a alta de juros nos Estados Unidos se for necessário.

Veja mais: Powell diz que está pronto para subir juros mais rápido, se necessário

O petróleo se estabilizou após uma sessão volátil que viu os preços futuros do Brent variando de US$ 119 a US$ 113 o barril. A Alemanha e a Hungria estão freando um potencial embargo da União Europeia ao petróleo russo, aprofundando as diferenças no bloco sobre como punir ainda mais Moscou por sua invasão da Ucrânia.

As perturbações nos mercados de commodities decorrentes da guerra aumentaram a pressão sobre o Fed e outros bancos centrais importantes para apertar a política monetária. Powell disse que está preparado para aumentar as taxas de juros em 50 pontos base na próxima reunião de política monetária, se necessário.

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“A incerteza do Fed continuará sendo um vento contrário nas ações até que os investidores tenham uma boa ideia dos aumentos das taxas para o restante do ano”, escreveu Tom Essaye, ex-operador da Merrill Lynch que fundou o boletim “The Sevens Report”, segundo a Bloomberg News.

  • Perto das 10h50, o Ibovespa subia 0,91%, a 117.215 pontos
  • O dólar tem mais um dia de recuo e caía 0,10%, a R$ 4,93, com investidores avaliando a ata da última reunião do Copom. Enquanto isso, os vencimentos dos juros avançam. O DI para janeiro de 2023 subia de 12,925% para 12,980%
  • Nos EUA, o Dow Jones subia 0,84%, o S&P 500, 0,78%, e o Nasdaq, 1,05%

Contexto doméstico

A inflação ao consumidor segue elevada e a deterioração do cenário externo, com o conflito entre a Rússia e a Ucrânia, levou a um aperto significativo das condições financeiras e aumento da incerteza em torno do cenário econômico mundial, o que justifica uma nova alta de 1 ponto da taxa Selic na reunião de maio, escreveram os membros do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central na ata da última reunião, divulgada nesta terça-feira (22).

Veja mais: Ata do Copom confirma intenção de mais uma alta de 1 ponto da Selic

Segundo o documento, o choque de oferta decorrente do conflito tem o potencial de exacerbar as pressões inflacionárias que já vinham se acumulando tanto em economias emergentes quanto avançadas. “Desde a última reunião, a maioria das commodities teve avanços relevantes em seus preços, em particular as energéticas”, destacam.

Conforme Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, a avaliação é de que “a comunicação do Banco Central exigiu um grau interpretativo um pouco maior do que outras divulgações”. Segundo o economista, “é prudente precificar ao menos mais uma elevação de 50bps, a fim de restaurar a ancoragem e a credibilidade de suas atribuições”.

“Vale pontuar que as expectativas de inflação, que geraram dúvidas no cenário alternativo de petróleo, tiveram suas premissas esclarecidas nessa ata, e hoje, com o Brent cotado a US$115/barril, atribuem um viés hawkish para o futuro da condução da política monetária”, conclui.

(Com informações de Bloomberg News)

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Kariny Leal

Jornalista carioca, formada pela UFRJ, especializada em cobertura econômica e em tempo real, com passagens pela Bloomberg News e Forbes Brasil. Kariny cobre o mercado financeiro e a economia brasileira para a Bloomberg Línea.