Bloomberg Línea — Os mercados tiveram uma sessão de ganhos nesta terça-feira (22), com os investidores mais dispostos ao risco mesmo após a fala considerada hawkish (favorável ao aperto) do presidente do Federal Reserve, nos Estados Unidos, no dia anterior.
Os traders também repercutiram hoje a ata da última reunião de política monetária, em que o Banco Central reiterou a perspectiva de aumento de um ponto percentual na Selic, para 12,75% ao ano, no próximo encontro, em maio. A autoridade monetária também afirmou que está pronta para ajustar a intensidade do aperto monetário caso o cenário evolua desfavoravelmente.
Ainda que parte do mercado financeiro tenha interpretado a ata com um viés mais dovish (favorável a juros baixos), com a possibilidade de a Selic terminal ser de 12,75% ao ano, economistas têm elevado suas apostas para a taxa básica de juros.
O Itaú (ITUB4), por exemplo, vê a Selic chegando a 13,75% ao fim do ciclo de alta (ante 13%), enquanto o Citi vê um cenário com alta adicional de 0,50 ponto em junho como mais provável. Já o Golman Sachs (GS) prevê uma Selic entre 13% e 13,25% ao fim do ciclo, com início de corte dos juros apenas no início de 2023.
No Brasil, o dólar teve mais uma sessão de queda, encerrando o dia negociado por volta dos R$ 4,90.
“Com a perspectiva de alta de juros ainda no radar e levando em conta que commodities não devem cair de maneira relevante este ano, o Brasil se torna uma ‘saída’ para estrangeiros que buscam se proteger de inflação e capturar a alta de bens básicos. Neste sentido, devemos ver o real continuar a se apreciar no curto e no médio prazos, podendo reverter o movimento quando atingir suportes gráficos relevantes ou o processo eleitoral criar ruídos adicionais”, avalia André Perfeito, economista-chefe da Necton.
Na Bolsa, o destaque positivo nesta quinta ficou com as ações ligadas à tecnologia, que subiram apesar do efeito negativo do aumento da taxa de juros no setor. Foi o caso dos papéis de Banco Inter (BIDI11), que subiram 6,18%, Méliuz (CASH3), com alta de 6,05%, e Positivo Tecnologia (POSI3), com ganhos de 5,10%.
Ações de bancos também tiveram alta no pregão, como Banco do Brasil (BBAS3) e Bradesco (BBDC4), por exemplo, que subiram até 2%.
- A maior alta, contudo, partiu dos papéis de Eneva (ENEV3), que subiram 6,65%, a R$ 14,28, após a companhia divulgar seus resultados referentes ao quarto trimestre de 2021. No período, a empresa teve lucro líquido de R$ 489,4 milhões, uma queda de 28,4% em relação ao registrado um ano antes.
Em um dia de baixa para as commodities, contudo, recuaram na B3 as ações de mineradoras e siderúrgicas, como as de Vale (VALE3), que caíram 2,24%, Gerdau (GGBR4), que recuaram 1,68%, e CSN (CSNA3), que cederam 1,33%.
Mesmo em queda, os preços do barril do petróleo encerram o pregão negociados acima dos US$ 100.
Confira como fecharam os mercados nesta terça-feira (22):
- O Ibovespa teve alta de 0,96%, aos 117.272 pontos, no maior patamar desde setembro;
- O dólar à vista teve mais uma sessão de queda, com baixa de 0,43%, aos R$ 4,92;
- Entre os contratos de juros futuros, o DI para 2025 operava estável, aos 12,19%;
- O Bitcoin (BTC) tinha alta de 3,05%, por volta das 17h15 (horário de Brasília), aos US$ 42.389;
Cenário internacional
Com os sinais do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, de que o banco central dos Estados Unidos adotará medidas mais agressivas para domar a inflação, as bolsas americanas tiveram alta nesta terça-feira.
O S&P 500, por exemplo, subiu mais de 1%, colocando o índice de referência no caminho certo para recuperar metade de suas perdas após uma liquidação que começou em janeiro.
Os ganhos acontecem à medida que os traders já estão preparados para a alta volatilidade, até que haja mais certeza sobre a política do Fed, sobre a inflação e a respeito da guerra na Ucrânia, que não teve grandes novidades nesta terça.
- Nos EUA, o índice Dow Jones subiu 0,74%, o S&P 500 avançou 1,13%, enquanto o índice da Nasdaq teve alta de 1,95%;
- Na Europa, o movimento também foi de alta: o índice Dax, da Alemanha, subiu 1,02%, enquanto o CAC-40, de Paris, teve alta de 1,17%
(Com informações da Bloomberg News)
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