Fundador do Telegram pede desculpas ao STF e solicita adiamento de suspensão do app

‘Poderíamos ter feito um trabalho melhor’, escreveu Pavel Durov ao explicar demora em responder por e-mail o STF nos últimos meses

Decisão foi tomada a pedido da Polícia Federal, que investiga divulgação de fake news
19 de Março, 2022 | 09:53 AM

Bloomberg Línea — O fundador do Telegram, Pavel Durov, pediu desculpas na sexta-feira (18) e afirmou que um problema com e-mails o impediu de receber determinações judiciais do Brasil. Ele também solicitou um adiamento por alguns dias da ordem de bloqueio do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Pelo Telegram, Durov disse que poderia “ter feito um trabalho melhor” em acompanhar os e-mails recebidos. Ele afirmou que a plataforma cumpriu uma decisão judicial anterior, no final de fevereiro, e que respondeu sugerindo o envio de futuras solicitações para um endereço de e-mail especifico, dedicado a isso.

“Infelizmente, nossa resposta deve ter sido perdida, porque o Tribunal usou o antigo endereço de e-mail de uso geral em outras tentativas de entrar em contato conosco”, disse, afirmando que por isso perdeu a decisão de março, que continha uma solicitação de remoção do app. “Felizmente já encontramos o e-mail e o processamos, entregando hoje outro relatório ao STF.”

Na publicação, Durov também pediu ao STF para adiar a decisão por alguns dias, para permitir à plataforma remediar a situação nomeando um representante no Brasil e “estabelecendo uma estrutura para reagir futuras questões urgentes como esta, de maneira acelerada”.

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“As últimas três semanas foram inéditas para o mundo e para o Telegram. Nossa equipe de moderação de conteúdo foi inundada com solicitações de várias partes. No entanto, estou certo de que, uma vez estabelecido um canal de comunicação confiável, poderemos processar com eficiência as solicitações de remoção de canais públicos que são ilegais no Brasil”, escreveu.

O app vem sendo fortemente utilizado por autoridades e ministérios do governo ucraniano para divulgar as suas versões da guerra contra a Rússia à população do país e ao mundo.

Entenda o caso

Na sexta-feira (18), o ministro Alexandre de Moraes, do STF, mandou os provedores de acesso à internet e as plataformas digitais bloquearem o acesso ao aplicativo Telegram no Brasil inteiro. A decisão é liminar (individual e emergencial) e foi tomada na quinta-feira (17).

A decisão foi tomada a pedido da Polícia Federal, que investiga o blogueiro bolsonarista Allan dos Santos por incitação a atos contra as instituições e divulgação de mentiras na internet.

De acordo com os investigadores, Santos migrou sua estrutura de comunicação para o Telegram depois que o Supremo o proibiu de ter acesso às plataformas que ele já usava, como YouTube, do Google, e WhatsApp, do Facebook.

Na decisão que mandou suspender o funcionamento do Telegram no Brasil, Alexandre de Moraes afirma que o aplicativo ignorou diversas de suas decisões em inquéritos diferentes. Em todas elas, o ministro oficiou a empresa responsável pelo app para que suspendesse o acesso a alguns canais, como o do presidente Jair Bolsonaro e o do deputado Filipe Barros, investigados por vazamento de investigação sigilosa da PF.

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Mariana d'Ávila

Editora assistente na Bloomberg Línea. Jornalista brasileira formada pela Faculdade Cásper Líbero, especializada em investimentos e finanças pessoais e com passagem pela redação do InfoMoney.