Vendas em shopping centers voltam a se aproximar do nível pré-pandemia

Percentual de espaços vagos nos centros comerciais, contudo, ainda é alto considerando dados históricos, segundo levantamento da SiiLA

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Bloomberg Línea — Depois de um período de “inverno” para os shopping centers, dadas as medidas de isolamento social para conter o avanço da covid-19, um retorno à normalidade, em meio ao avanço da vacinação e das flexibilizações, tem surtido efeito no setor e levado a perspectivas otimistas para 2022.

Segundo dados obtidos com exclusividade pela Bloomberg Línea com a SiiLA, empresa que estuda o mercado imobiliário comercial da América Latina, no último trimestre de 2021 o volume de vendas na capital paulista, onde está concentrado o maior número de centros comerciais do país, ficou 21% acima do registrado no primeiro trimestre de 2020, antes dos impactos da pandemia.

  • Já a média de vendas nos shoppings brasileiros que recebem o público de alta renda (A) do quarto trimestre de 2021 foi 44% superior à registrada no primeiro trimestre do ano, ficando apenas 2% abaixo do volume contabilizado nos primeiros três meses de 2020.

“A normalização do funcionamento dos shoppings, atrelada ao décimo terceiro salário e à queda da taxa de desemprego no país, que terminou o ano em 11,1%, foram os principais fatores que contribuíram para a retomada das vendas nos centros comerciais brasileiros no período”, afirma Giancarlo NIcastro, CEO da SiiLA, empresa de dados e análises sobre o mercado imobiliário comercial da América Latina.

Segundo ele, os centros comerciais brasileiros devem manter a tendência de retomada nos próximos trimestres, dado o cenário de normalização das atividades econômicas no país junto com o afrouxamento das medidas restritivas para conter a pandemia.

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Ocupação e metro quadrado

A taxa GROCS, que mede o custo de ocupação bruto do varejo em shopping centers, terminou o quarto trimestre de 2021 em 11,78% considerando a média nacional, voltando a ficar próxima das taxas registradas antes da pandemia. No quarto trimestre de 2019, a taxa havia sido de 10,50%.

Desenvolvida pela SiiLA, essa métrica é calculada a partir do valor de locação pago pelo lojista, somado ao condomínio e ao fundo de promoção e propaganda (FPP), dividido pelas vendas.

Por fim, com relação ao valor do aluguel médio pago por metro quadrado, este encerrou o ano de 2021 em R$ 171,56, alta de 13,8% na comparação com os aluguéis médios praticados no primeiro trimestre de 2020. O valor ficou 0,8 ponto percentual atrás do valor médio no quarto trimestre de 2019, sinalizando uma estabilização, segundo a SiiLA. Confira o histórico:

Mas ainda há desafios

O cenário, contudo, ainda é desafiador para o varejo, dada a forte pressão inflacionária, que tende a inibir o consumo, e a alta dos juros, atualmente em 11,75% ao ano.

Quando analisado o percentual de espaços vagos registrado no quarto trimestre de 2021, por exemplo, este ficou em 6,43%, que ainda é considerado alto analisando as taxas históricas.

O dado está pouco abaixo dos 6,46% de taxa de vacância registrada no segundo trimestre de 2020, o maior desde o início do monitoramento pela SiiLA, em 2017. Ao fim de 2019, a taxa estava em 4,71%.

“Ainda observamos shoppings com certa dificuldade para locar espaços que foram deixados vagos ao longo da pandemia, Por isso, a taxa de ocupação ainda está abaixo da média histórica”, afirma Nicastro.

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