Tembici fatura R$ 146 milhões em 2021 e vê lucro bruto aumentar 70%

Startup de micromobilidade está expandindo operações para a América Latina e espera dobrar faturamento em 2022

Tomás Martins (CEO) e Mauricio Villar (COO) da startup de micromobilidade Tembici
17 de Março, 2022 | 08:00 AM

Bloomberg Línea — A startup de micromobilidade brasileira Tembici divulgou nesta quinta-feira (17) seus resultados financeiros de 2021. A empresa faturou R$ 146 milhões, 40% a mais que em 2020. Este ano, a Tembici espera chegar a R$ 292 milhões em faturamento.

  • Puxado pelo aumento das receitas, com um esforço para tornar a estrutura de custo mais eficiente, a empresa encerrou 2021 com um crescimento de 70% de lucro bruto e aumento de 9 p.p de margem bruta em relação a 2020.

Segundo Leandro Fariello, CFO da startup, foi possível crescer o lucro bruto por conta do crescimento da receita, ao mesmo tempo que a empresa prezou por melhorias operacionais. Ele conta que a Tembici aproveitou o período de redução da mobilidade na pandemia para aprimorar linhas da estrutura de custo, como o índice de perdas de bicicletas. Diferentemente de empresas de mobilidade que trabalham com patinetes elétricos, por exemplo, a Tembici tem um custo menor com a manutenção das bicicletas.

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O índice de perdas de bicicletas - seja por vandalismo ou por roubo - está em 0,15%, de acordo com o CFO. “Aproveitamos a pandemia para colocar um iOT com um GPS embarcado na nossa frota de bicicletas. Conseguimos monitorar em tempo real onde estão as bicicletas e tomar ações para evitar um um evento de vandalismo. Assim, melhoramos a nossa estrutura de custo como um todo e temos uma performance melhor do ponto de vista de resultado econômico”.

Investimentos do mercado

A empresa captou sua Série C de US$ 80 milhões em setembro do ano passado. Para Fariello, a estratégia de transparência dos resultados faz parte da dinâmica com o conselho de administração, investidores e o mercado.

“Reportar o faturamento é algo importante para dar uma indicação para o mercado de como a companhia tem avançado, mesmo em um período crítico de pandemia”, disse. Perguntado se divulgar o resultado é uma estratégia para o IPO (oferta pública inicial), Fariello disse que a empresa não trabalha focada no IPO, mas que a abertura de capital nos Estados Unidos é um dos caminhos naturais pelo qual a empresa deve passar em breve.

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Enquanto muitas startups passam anos se bancando com as rodadas de capital de risco, a Tembici disse que conseguiu registrar lucro porque tem um foco em trazer escala para o negócio por meio de usuários, que trazem receita em um efeito de rede. Efeito de ter vários estações de pontos laranja da conhecida “bike do Itaú” pelas principais cidades do Brasil (São Paulo e Rio de Janeiro). A bicicleta da Tembici também é remunerada pelo Itaú pelo patrocínio.

“A receita de usuário no pós-pandemia tem crescido mês após mês”, disse, embora fevereiro não tenha superado janeiro porque o mês tem menos dias. O faturamento B2C quase triplicou de janeiro de 2020 para janeiro de 2022, representando mais de 55% da participação da receita da Tembici.

Para o CFO, esses resultados são reflexo da retomada da mobilidade no pós-pandemia. A empresa registrou um aumento de 25% de usuários em relação ao ano anterior. “A própria Organização Mundial da Saúde recomendou a bicicleta como um dos meios de transporte que devem ser utilizados neste contexto, então o B2C é certamente o que traz a maior fonte de receita para nós no médio e longo prazo”, afirmou Fariello. Além disso, com as bicicletas elétricas, a receita vindo do usuário é maior, já que a Tembici cobra mais pelas e-bikes do que para as bicicletas comuns.

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Segundo o executivo, o negócio B2B (a receita vinda de patrocínios do Itaú e do iFood ou de painéis de publicidade na estação das bicicletas) é parte importante da receita para ter um índice econômico saudável.

“Se por um lado a gente acredita muito que a escala do negócio vem através da receita de usuário, é justamente a receita B2B, a publicidade e patrocínio, que nos garantem uma receita estável no momento da partida de cada um dos projetos que a gente tem”. Assim, esse dinheiro viabiliza a chegada em novas praças, como a recente expansão para Bogotá, e novas tecnologias, como as bicicletas elétricas.

Expansão na América do Sul

As operações na capital colombiana começam no final do primeiro semestre, com um investimento de R$ 53 milhões. Bogotá terá os moldes do Brasil (ou seja, com uma empresa parceira) com 3.300 bicicletas, em que as bicicletas elétricas vão responder por metade da frota. A empresa também está avançando para outras cidades do Brasil e já tem operações no Chile e na Argentina.

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A expectativa de dobrar o faturamento este ano está alinhada às expansões geográficas e o investimento em parcerias last-mile, como com o iFood, e possíveis novas parcerias para a entrega no varejo.

Pela parceria com o iFood - em que os entregadores usam as bicicletas da Tembici desde o ano passado - já foram feitas mais de um milhão de entregas.

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Isabela  Fleischmann

Jornalista brasileira especializada na cobertura de tecnologia, inovação e startups